Dólar supera os R$ 4,50, mesmo com intervenções do BC

Blog do Vicente/Correio Braziliense

O medo da retração da economia por causa do novo coronavírus levou os investidores a buscarem proteção no dólar em mais um dia de tensão no mercado. A moeda norte-americana cravou novo recorde por volta das 11h58 desta quinta-feira (27/02) ao atingir R$ 4,501, com alta de mais de 1,3%, mesmo com as intervenções do Banco Central.

Entre os investidores, são muitas as dúvidas quanto ao real impacto do vírus na economia global e no Brasil. Desde a semana passada, quando se revelou a força com que o coronavírus chegou à Itália, abalando a Europa depois de fazer estragos na China, as previsões de crescimento para o mundo começaram a desabar.

Também no Brasil, as perspectivas para a economia só pioram. São poucos os analistas que, agora, se arriscam a dizer que o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá 2% ou mais, como difunde a equipe econômica. As perspectivas estão para algo entre 1% e 1,5%, a depender da extensão do impacto do coronavírus.

Bolsonaro

A desconfiança em relação ao Brasil aumenta por causa do comportamento beligerante do governo. O presidente Jair Bolsonaro está destruindo todas as pontes com o Congresso ao incentivar seu eleitorado a se voltar contra o Legislativo e o Supremo Tribunal Federal (STF).

Mantida essa postura de Bolsonaro, é grande o risco de o Congresso empurrar com a barriga a votação das reformas que estão previstas para este ano. Os investidores estão contando com o avanço das reformas tributária e administrativa para dar um novo fôlego à economia.

Esse temor, por sinal, se estende ao mercado acionário. O Ibovespa, que já havia caído 7% na quarta-feira (26/02), na volta do feriado de carnaval, desabava mais de 2%. Por volta das 11h35, o indicador apontava baixa de 2,01%, nos 103.596 pontos.

Os investidores demonstram muita preocupação com o Brasil. Todas as perspectivas positivas com o país para este ano estão sendo enterradas aos poucos. Eles dizem que esperavam um pouco mais de calmaria por parte do governo, sobretudo nesses tempos de coronavírus, mas não é o que estão vendo.