O dólar subiu pela terceira sessão seguida, encostou em 3,35 reais e fechou no maior nível em mais de 12 anos, ainda refletindo preocupações com os riscos ao grau de investimento brasileiro após os cortes nas metas fiscais do governo.
O dólar avançou 1,55%, a 3,3470 reais na venda, maior patamar de fechamento desde 31 de março de 2003, quando ficou em 3,355 reais. Na máxima do dia, a divisa chegou a 3,357 reais. Nas últimas três sessões, incluindo esta, a moeda norte-americana acumulou avanço de 5,48% e, na semana, avançou 4,79%. “A decepção do mercado é palpável. A sensação é de que o governo está fazendo menos esforço do que devia”, disse o operador da corretora Intercam Glauber Romano.
O governo reduziu a meta de superávit primário deste ano a 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB), contra 1,1% do PIB previsto até então. Além disso, abriu a possibilidade de abater até 26,4 bilhões de reais que, no limite, pode até gerar novo déficit primário.
Seguindo o mesmo movimento de apreensão, a Bovespa também fechou a sexta-feira com seu principal índice em queda pelo sexto pregão seguido, maior série de perdas desde setembro de 2014. De acordo com dados preliminares, o Ibovespa caiu 1,3%, a 49.158 pontos. O giro financeiro da sessão de sexta-feira somava quase 6 bilhões de reais. Na semana, o Ibovespa acumulou um declínio de 6%, também conforme informações pré-ajuste
“A drástica redução da meta para 2015, assim como o ajuste extremamente gradual esperado para os próximos anos, sublinha o esperado rebaixamento pela Moody’s e pode também desencadear revisões por outras agências e a perda do grau de investimento”, escreveram analistas do banco Brasil Plural em nota a clientes.
Em entrevista à Reuters nesta sexta-feira, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, afirmou que as novas metas de primário são mais realistas e suficientes para estabilizar a dívida pública do país.
Nesse quadro, investidores aguardam também novas pistas sobre como o Banco Central se posicionará em relação a suas intervenções no câmbio, levando em conta que o fortalecimento do dólar tende a aumentar a inflação já elevada. (Reuters)