O dólar fechou em alta nesta sexta-feira (28), encerrando o primeiro semestre de 2024 com alta de mais de 15%. Cotado a R$ 5,59, a moeda americana chegou ao maior valor desde 10 de janeiro de 2022 (R$ 5,6742). O câmbio teve um novo dia ruim após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltar a criticar o Banco Central do Brasil (BC). Em entrevista à rádio O Tempo, de Belo Horizonte (MG), Lula disse que o patamar de juros no Brasil “vai melhorar” quando ele indicar o próximo presidente do BC. As informações são da Folha de S. Paulo.
Luan Aral, especialista em câmbio da Genial Investimentos, afirma que isso traz receio ao mercado, que entende a fala como uma sinalização de que o novo presidente vai promover quedas forçadas na taxa básica de juros, a Selic. Ou seja, vai intervir politicamente no banco Central, que é autônomo.
Ainda no cenário doméstico, o BC divulgou um resultado negativo para as contas do setor público consolidado de maio, com o déficit primário subindo para R$ 63,9 bilhões. Além disso, o mercado repercute a divulgação do índice PCE no país, o indicador de inflação favorito do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e que dá dicas sobre o rumo dos juros por lá. O número recuou ligeiramente em maio para 2,6% interanual, conforme esperado pelo mercado.
Além disso, a divulgação do resultado consolidado do setor público revelou um déficit superior às projeções. Também hoje o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a taxa de desemprego no Brasil foi de 7,1% no trimestre encerrado em maio, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua. Com os resultados, o número absoluto de desocupados teve queda de 8,8% contra o trimestre anterior, atingindo 7,8 milhões de pessoas. Na comparação anual, o recuo é de 13%.
Nesta semana, não foi a primeira vez que as falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) repercutiram nos mercados. Ontem, o presidente criticou as perspectivas de investidores e do mercado financeiro sobre uma aposta no enfraquecimento do real e em uma piora da economia brasileira.