O dólar opera em alta nesta segunda-feira. Às 9h13, a moeda norte-americana tinha alta de 3,30%, a R$ 4,7886. O dia é de forte tensão nos mercados por causa do tombo nos preços do petróleo e as tensões com o avanço do coronavírus.
“A epidemia contaminou a atmosfera dos mercados. Com as Bolsas europeias e americanas em queda e o desabamento do preço do petróleo, a epidemia é um catalisador da fragilidade e das contradições da economia mundial”, declarou Shen Zhengyang, analista da Northeast Securities.
“O risco de recessão mundial aumentou. Um retrocesso prolongado do consumo, além do fechamento prolongado das empresas, atacaria os lucros, provocaria o corte de empregos e reduziria o ânimo dos atores econômicos”, destacaram os analistas da Moody’s.
O petróleo sofreu nesta segunda-feira uma queda de quase de 30% na Ásia, a mais importante desde a Guerra do Golfo de 1991, consequência da decisão da Arábia Saudita de reduzir drasticamente os preços após o fracasso na semana passada de suas negociações com a Rússia.
“A queda de 30% do preço do petróleo não tem precedentes e está provocando uma grande onda de choque nos mercados financeiros”, disse Margaret Yang, analista da CMC Markets.
As consequências se propagaram nesta segunda-feira às Bolsas mundias, já muito afetadas nas últimas semanas. Os índices europeus abriram no vermelho, de Paris a Londres, passando por Milão. Na capital financeira da Itália, isolada para tentar conter a propagação do novo coronavírus, o principal índice perdia mais de 8% nas primeiras negociações.
Às 10h30 (7h30 de Brasília), o Dax de Frankfurt perdia mais de 6%, assim como o Ibex-35 de Madri e o CAC-40 de Paris. O FTSE-100 de Londres registrava perda de quase 7%.
A Bolsa de Tóquio foi particularmente afetada, especialmente pela valorização do iene, o que afeta negativamente as exportações. O índice Nikkei fechou em baixa de 5,07%, um recorde desde fevereiro de 2018.
As Bolsas chinesas também fecharam em forte queda, assim como as do Golfo.
Em Riade, a Bolsa recuava quase 8%. As ações da Saudi Aramco – a empresa nacional saudita que produz 9 milhões de barris por dia – perderam 320 bilhões de dólares de seu valor na Bolsa.
Os mercados temem agora uma crise da economia real, à medida que a epidemia de coronavírus afeta as cadeias de produção de todo o planeta, obriga o cancelamento de voos e de eventos profissionais e provoca a queda do turismo.
A queda nas Bolsas também pode provocar dificuldades de financiamento para a economia real, como aconteceu na crise financeira de 2008.