Nos bastidores da Câmara Federal, já não se descarta uma “rebelião” dos deputados contra os presidentes de partidos em meio ao debate da reforma política. Motivo: os dirigentes, em sua maioria, se posicionam contra o distritão, apontado por eles como alternativa que enfraquece os partidos por permitir que os postulantes sejam eleitos independente do desempenho das legendas. “Há um sindicato dos presidentes de partidos grandes, aqui, brigando pela manutenção da regra atual”, observa, em reserva, um deputado à coluna. Com a tensão se elevando, ontem, um episódio acendeu o sinal amarelo nos ocupantes de cadeiras na Câmara: o deputado pernambucano Augusto Coutinho foi retirado da comissão especial que analisa a proposta de reforma política. Presidente nacional do Solidariedade, Paulinho da Força é contra o distritão e Coutinho, até então titular da comissão, é favorável ao mecanismo. Dessa forma, Augusto já havia manifestado ao dirigente que deixaria a vaga, caso fosse necessário votar contra.
Ontem, ele acabou sendo removido do colegiado e substituído pelo deputado Áureo Ribeiro (RJ), que estava na condição de suplente. O movimento gerou um zum zum zum, nas coxias, entre os pares, que andam atentos às investidas dos presidentes das siglas. Indagado pela coluna sobre o episódio, Augusto não arrodeou: “Fui tirado”. Questionado sobre a conversa com Paulinho da Força, ele explica: “Ele queria que eu votasse contra o distritão e eu já tinha dito que, então, me tirasse”. Segundo Augusto, a posição do partido é favorável à manutenção do modelo atual, que veda coligações. O referido veto inquieta parlamentares porque implica em esforço maior para formação de chapas e em risco para muitos de não conseguirem manter seus mandatos. Sobre a atitude de seu partido, Coutinho admite: “É óbvio que não gostei, porque eu tinha posição clara”. Nos corredores da Câmara Federal, há uma bolsa de apostas dando conta de que haveria 350 deputados favoráveis ao distritão e que a matéria deve ir a plenário, independente do parecer da relatora na comissão, Renata Abreu.