A presidente-candidata Dilma Rousseff (PT) disse nesta quinta-feira que “houve uma virada” na eleição presidencial nas últimas semanas de campanha, motivada pela mobilização popular. “Está havendo uma espécie de virada, visível nas ruas. Acontece isso nas eleições, amplia a consciência das pessoas e a convicção. É um movimento mais popular do que partidário”, afirmou Dilma durante entrevista coletiva no hotel onde se concentra para o debate da TV Globo, no Rio de Janeiro.
Foi justamente esse o tom da propaganda da petista na noite de quarta-feira. O programa mostrou o PT como um partido que costuma insuflar a militância na reta final da campanha.
Cautelosa, Dilma evitou comemorar a vantagem mostrada nesta tarde pela pesquisa Datafolha, que apontou a petista seis pontos à frente do tucano Aécio Neves. “Eu só acho que está consolidada [a vantagem] a hora que fechar a última urna e começar a apuração. O que estiver dentro da urna está consolidado”.
A presidente, que no primeiro turno subiu no palanque na Zona Sul de São Paulo para dizer que a vitória de seus adversários levaria ao fim do Bolsa Família, afirmou que não tem informações sobre o terrorismo eleitoral petista na última semana de campanha. Mensagens apócrifas distribuídas por celular ligam Aécio Neves à extinção do programa.
“Se for feito por pessoas do governo, teremos todo interesse em saber quem está fazendo uma coisa dessas. Agora, estamos num momento pré-eleitoral numa situação de conflito. Tenho escutado coisas estarrecedoras que chegam para mim que dizem da minha pessoa e da minha família. Vamos ver direitinho de onde vem, quem fez e como é que fez. Boato é o que não está faltando por aí”, disse a presidente.
Questionada sobre confrontos entre cabos eleitorais petistas e tucanos nas ruas, a presidente pediu “tranquilidade” e evitou vincular as brigas entre eleitores e militantes aos ataques que tomaram conta da propaganda eleitoral na TV e na internet. Ela esquivou-se de responder se as desqualificações do ex-presidente Lula a Aécio Neves – tachado de “filhinho de papai”, “agressivo com mulheres” e “sem educação”– não incitaria os desentendimentos. “Você deveria perguntar isso ao Lula. Você acha correto alguém me chamar de leviana? Eu sou presidente da República, mãe e avó. Vamos ter calma.”
A petista afirmou que os conflitos são localizados e que testemunhou momentos festivos em suas caminhadas e comícios. Dilma também afirmou que repudia os confrontos físicos e defendeu que as eleições tenham apenas “confrontos de ideias”. “O clima fica um pouco mais quente no final de todas as eleições. Mas a gente não pode tentar criar também um fantasma disso tudo, porque isso faz parte do acirramento dos ânimos. Não tem esse clima no Brasil.”
FHC – Dilma rebateu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo disse que ela “fala coisas em que não crê” na campanha. A presidente afirmou que seus argumentos estão “dentro dos parâmetros democráticos”, e que o tucano tem “visão elitista” sobre programas como Ciência Sem Fronteiras e cobra o crédito de ter gerado o Bolsa Família, quando investiu menos que os governos do PT. “Eu lamento, mas não reconheço ganhos sociais no governo Fernando Henrique. Eu reconheço a estabilidade da moeda.” (Veja)