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Por Carla Kreefft 

Tudo mudou na disputa pela Presidência da República com a morte de Eduardo Campos e a entrada da ex-senadora Marina Silva no páreo. A configuração existente agora aponta caminhos diferentes do que estavam postos quando o ex-governador de Pernambuco era o candidato do PSB por motivos vários.

O primeiro deles é óbvio. Marina Silva não é Eduardo Campos. Mas não é mesmo. As diferenças entre os perfis dos dois são imensas e imprimem marcas divergentes na maneira de se fazer política. Um ponto que chama muito a atenção diz respeito à relação deles com os partidos. Campos sempre foi filiado ao PSB e, sem dúvida, se tornou uma liderança reconhecida pela capacidade de agregar forças em volta da legenda. Já Marina Silva tem uma trajetória bem diferente.

Identificada inicialmente com o PT, Marina alcançou o Ministério do Meio Ambiente na gestão do ex-presidente Lula, mas, na época, chegou a fazer oposição às propostas do governo federal. Deixou o ministério e o partido, a fidelidade partidária passou longe dali. Ela defendeu, antes de tudo, os seus princípios. E com esse discurso, voltado especialmente para ambientalistas, arregimentou muita gente interessada no desenvolvimento sustentável. Na época, alguns diziam que Marina tinha uma posição mais progressista do que a do PT e a do Lula.

Seguindo um caminho natural, Marina se abrigou no PV, mas lá também teve problemas. Na campanha presidencial de 2010, o partido acabou escondido pela sua candidata. Propostas polêmicas, como descriminalização da maconha e legalização do aborto, não apareceram no programa da candidata que, quanto questionada sobre esses assunto, respondia apenas que a sociedade teria que achar uma solução. Ela sempre sugeria o plebiscito. 

Rede Sustentabilidade 

Depois de sair do PV, Marina Silva partiu para a formação do seu próprio partido – a Rede Sustentabilidade. Não obteve adesões suficientes para criar a sua sigla. Recebeu, então, muitos convites para filiar-se a outras legendas e, de maneira até a surpreendente, foi para o PSB de Eduardo Campos. Neste momento, ela abriu mão de sua candidatura presidencial para ser vice de Campos. O casamento parecia perfeito, mas também não foi bem assim. Marina foi, e ainda é, obstáculo para as alianças regionais do PSB.

Já na condição de candidata à Presidência, a solução que ela apresentou para o problema das coligações regionais tem o rosto da divisão. Ela vai subir nos palanques em que a aliança tem o apoio da Rede, e seu vice, Beto Albuquerque, vai marcar presença nos outros palcos. Isso sem falar na saída de Carlos Siqueira da coordenação da campanha.

Marina está bem nas pesquisas, foi bem no debate e tem potencial para ganhar a eleição. Mas que ela desagrega, desagrega. Como vai governar, se eleita, é uma boa questão para pensar.

(transcrito de O Tempo)