Dicas de Português…

Dicas P

Vamos conhecer a origem de algumas palavras:

Edredom
Veio do francês édredon, que veio do dinamarquês ederduun, edredom, formado de eder (êider, um tipo de pato marinho, cuja penugem, macia e abundante, é utilizada na confecção de edredons) + duun (penugem).

Houve duas tentativas frustradas para evitar a forma afrancesada da palavra edredom. A primeira foi edredão, que não pegou porque mais parece nome de gigante de historinha infantil. A segunda foi frouxel (do catalão fluixell, pluma macia de ave), que também não pegou, porque nenhuma mulher gosta de dizer que dorme com um frouxel.

A ideia do edredom veio da observação do comportamento do êider, que não fugia do frio no inverno escandinavo. Permanecia em seu habitat porque conseguia fazer um ninho bem quentinho usando as próprias penas. Claro, algumas delas, colecionadas com o tempo, porque, mesmo num ninho quentinho, não há êider depenado que resista a um inverno escandinavo.

O.b.
A marca o.b. veio das iniciais do alemão ohne Binde, sem bandagem.

Ombudsman
É a pessoa encarregada de ouvir queixas e denúncias. A palavra é sueca, significa originalmente representante, entrou na língua portuguesa com a grafia original e assim ficou, imponentemente sueca, tal como deve aparentar o detentor do cargo. Veio do escandinavo antigo umbothsmathr, formado de umboth, comissão (da preposição um, em torno de + both, comando) + mathr, pessoa.

Otário   
A otária — do grego otós, orelha (daí otite, otorrino, etc.) — é uma espécie de foca que tem pavilhões auditivos visíveis. Seu nome científico (otaria byronia) foi dado por um naturalista francês que se chamava François Perón (1773-1810), utilizando a palavra grega otarion, orelhinha. A otária é pesadona, lenta e de uma burrice maior que ela mesma. É muito encontrada no Atlântico sul. A palavra otario foi adotada no lunfardo (gíria da ralé de Buenos Aires e arredores) para designar uma pessoa simplória, fácil de enganar. A palavra veio parar no Brasil, popularizada pelo tango “Se acabaron los otarios”, de 1926.

Vodca
Veio do russo vodka, que é o diminutivo de voda, água. Quer dizer, vodca significa aguinha. Por isso é que cossaco sedento entrava num bar de Moscou e pedia: “Dá uma aguinha aí.” Saciava a sede, embaçava o juízo e saía cantando o hino russo, aos prantos, emocionadíssimo.

Volkswagen
A marca foi formada pelos alemães fazendo o que eles mais adoram, além de tomar chope: juntar palavras. Significa carro (wagen) do povo (volks). O automóvel foi encomendado em 1933 por Adolf Hitler ao engenheiro austríaco Ferdinand Porsche, que mais tarde fundaria a Porsche. Hitler queria um carro pequeno, barato e econômico, e o produto saiu melhor que a encomenda.

No Brasil, a pronúncia da marca — “Fôlksvaguen” (em alemão, o “v” tem som de “f” e o “w” tem som de “v”) — foi mudando e diminuindo: “fôsk vágui”, “fusk vágui” e finalmente Fusca ou, mais carinhosamente, Fusquinha.

A marca Kombi também é o resultado do inesgotável prazer alemão de juntar palavras. Veio de Kombinationfahrzeug, que significa “veículo de uso combinado” (tanto para trabalho como para passageiros). A Kombi foi o primeiro veículo produzido pela Volkswagen no Brasil, único país a mantê-la em fabricação no século XXI.

DÚVIDAS DOS LEITORES
Leitor quer saber se a frase ” a cerveja que desce REDONDO ” veinculada através de uma propaganda está gramaticalmente correta.

Está correto sim. REDONDO, no caso, é um advérbio, pois indica o modo como a cerveja desce. Ser um advérbio significa ser uma palavra invariável, ou seja, não tem feminino nem plural. É o mesmo caso de “Ela fala alto”. 
Observe melhor:
A cerveja desce redondo.
A menina fala alto.

Outro leitor tem a seguinte dúvida: 702 mulheres – setecentAS e duas ou setecentOS e duas mulheres?
Numeral sempre concorda com o substantivo a que se refere. É como se fosse um adjetivo. São setecentas e duas mulheres. 
Observe melhor:
2 mulheres = duas mulheres;
700 mulheres = setecentas mulheres;
702 mulheres = setecentas e duas mulheres.

Sérgio Nogueira – G1