A alimentação vegetariana ganha adeptos forçados entre os venezuelanos que buscam alternativas economicamente viáveis para suas refeições diárias. Diante a escassez de alimentos e alta dos preços dos produtos básicos, fica cada vez mais difícil manter a dieta tradicional no país, rica em proteínas de origem animal.
Segundo Frank Luna, especialista em ecologia e turismo e ativista do meio ambiente, ouvido pelo jornal argentino Clarín, a diversidade sociocultural da Venezuela, somada a atual situação política e econômica fez com que o número de vegetarianos no país crescesse nos últimos anos. “Ao comprar um quilo de carne gastamos 2.000, 3.000 bolívares (o equivalente a 1.200 ou 1.800 reais – sim, pelo câmbio oficial, o quilo da carne custa mais de 1.000 reais na Venezuela) e com esse dinheiro dá para fazer compras inteiras de verduras e legumes e podemos nos alimentar por semanas”.
Em sua opinião, a crise gerou uma mudança na sociedade, com muitos preocupados em “hábitos mais naturais, de cuidar da saúde, do corpo, salvar e proteger o bolso”. Para Julieta Ramos, uma secretária de 45 anos e sua filha Andrea de 15, ser vegetariano foi a única “coisa boa” que tiraram da crise. “Desde o ano passado, quando os alimentos se tornaram escassos nas prateleiras dos supermercados e os preços começaram a subir muito, minha filha e eu optamos por mudar nossos hábitos alimentares, o que nos levou ao vegetarianismo”, contou Julieta à agência de notícias ANSA.
Com o aumento no número de adeptos do vegetarianismo, entre os dias 27 e 28 de novembro, Caracas sediará pela primeira vez o Venezuela Veg Fest 2015, iniciativa que busca reunir uma rede de restaurantes vegetarianos para promover o ativismo em favor desse tipo de alimentação. (Veja)