O governador Paulo Câmara foi eleito em 2014 e assumiu o cargo em 2015 no meio de uma crise política e econômica sem precedentes. Nas eleições de 2014 apoiou Aécio Neves e sofreu retaliações do governo federal durante a gestão de Dilma Rousseff, até que veio o impeachment que culminou na chegada de Michel Temer ao Palácio do Planalto.
O PSB, que deu os votos necessários para retirar Dilma Rousseff, não quis integrar oficialmente o governo Temer, e mais uma vez Paulo Câmara enfrentou dificuldades como a liberação para contrair empréstimos e a demora para conseguir a autonomia do Porto de Suape, somente conquistada no apagar das luzes de 2018.
Passado o processo eleitoral, Paulo Câmara foi reeleito ainda no primeiro turno e viu Jair Bolsonaro ser eleito presidente da República contra a vontade da maioria dos pernambucanos. Talvez os números obtidos por Fernando Haddad em Pernambuco tenham encorajado o governador a adotar um tom mais beligerante em relação a Bolsonaro, porém, esse tom em nada acrescenta a Pernambuco, muito pelo contrário, dificulta ainda mais a gestão de Paulo Câmara, que precisa muito dos recursos federais para destravar obras e projetos no estado.
Ontem, talvez orientado por gente menos xiita, Paulo Câmara decidiu fazer um aceno ao presidente ao dizer que estava pleiteando ainda para janeiro uma reunião com Bolsonaro. É isso que se espera do governador, que tem uma característica conciliadora desde o tempo em que assumiu a secretaria de administração no primeiro governo Eduardo Campos. Se Paulo Câmara quiser imprimir um governo de entregas, ele precisa fortemente do governo federal, e o diálogo é a palavra de ordem, onde no fim das contas os pernambucanos só terão a ganhar com uma relação cordial e republicana entre o governador e o presidente, ainda que politicamente estejam em lados opostos, mas por Pernambuco eles estão condenados a se entender. (Edmar Lyra)