Deterioração ameaça prédio da Assembleia…

A um ano de completar um século e meio do início de sua construção, o prédio que ocupou o plenário da Assembleia Legislativa de Pernambuco, há até dois anos, está sofrendo com a deterioração implacável do tempo. As marcas são visíveis em paredes e também no piso de algumas áreas, conforme a reportagem do Diario de Pernambuco constatou ao visitar o espaço e passar por várias de suas dependências semana passada. A fiação, que fica no subsolo, também preocupa, e os órgãos, como a Defesa Civil, alertaram para esse cenário. Um quadro que inquieta a própria Alepe, que resolveu investir, com recursos próprios, inicialmente, entre R$ 700 mil a R$ 900 mil em uma reforma de emergência, prevista para os próximos dias, para afastar o imóvel de riscos maiores.

Em paralelo a essa reforma, a Alepe planeja, nos próximos meses, destravar um projeto que pretende transformar o espaço em um museu atraente para os turistas e os próprios pernambucanos. Os R$ 17 milhões necessários para a restauração e transformação do prédio devem ser captado através da Lei Rouanet. O desafio agora, segundo o deputado e primeiro-secretário da Casa, Clodoaldo Magalhães (PSB), à frente dessa questão, é convencer empresas dispostas a investir em cultura e destinar parte do que é devido de imposto de renda ao governo federal para a execução desse projeto. O Banco Santander, que detém a folha de pagamento dos funcionários da Casa, já apresentou uma carta de intenção para executar o projeto. De qualquer forma, nos bastidores, um plano B também ganha força. Existe a possibilidade de a Caixa Econômica assumir o investimento, incluindo na negociação uma possível compra da folha de pagamento da Alepe pela instituição bancária em substituição ao Santander.

Para consolidar o projeto de recuperação das instalações e proteger o acervo do prédio, que foi reconhecido como museu pelo Instituto Brasileiro de Museu (Ibram) em 2010, serão necessários, na verdade, R$ 34 milhões. Mas, de acordo com o deputado Clodoaldo Magalhães, a captação dos R$ 17 milhões visa executar a primeira, e mais urgente, etapa do projeto. “Esses recursos vão englobar tudo. Inclui o conserto das redes elétrica, hidráulica e o acabamento. O prédio vai ficar novo. Os outros R$ 17 milhões é um valor que pode ser investido ao longo de 100 anos. É para cuidar do acervo, das peças, enfim é a museografia que se vai construir. Não é algo, portanto, que iremos fazer em dois anos. Pode ser a vida inteira”, esclarece o primeiro- -secretário. No plano de revitalização também consta a construção de um píer, na Rua da Aurora, e um café.

O parlamentar lembrou que 60 milhões de documentos históricos estão catalogados na Alepe, além do mobiliário histórico, lustres, quadros e peças de arte, a exemplo das imagens de quatro deusas (da Eloquência, Justiça, Jurisprudência e Sabedoria), que compõem o antigo plenário da Assembleia. Parte do acervo documental está guardado em um anexo do Poder Legislativo, localizado na Avenida Agamenon Magalhães.

Clodoaldo Magalhães adiantou que o projeto executivo e todos os projetos complementares já estão sendo desenvolvidos. “Queremos que quando a captação acontecer os projetos de engenharia arquitetônico estejam concluídos para que possamos começar e terminar a obra de uma tacada só em 24 meses, que é o tempo estimado para o restauro”, ressalta o deputado. “Minha função está sendo de mobilizar a sociedade para que participe e os empresários. Só quem tem uma cifra dessa para contribuir com o imposto de renda e conseguir a autorização do governo para repassar a contribuição para o restauro são as grandes empresas”, observa o deputado. (Diário de Pernambuco)