Após o Diretório Nacional do PSB decidir suspender os deputados que votaram a favor da Reforma da Previdência, os procedimentos seguintes incluem o líder da legenda na Câmara Federal, Tadeu Alencar, receber notificação do diretório e encaminhar ao presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia.
“É ele que tem incumbência de efetivar essas medidas, na verdade. A gente faz a indicação”, explica Tadeu, que deve receber a notificação hoje. Em meio a esse processo, o deputado federal Felipe Carreras, embarcou para Brasília, ontem, pela primeira vez, após se ver na lista dos nove alvos de suspensão da legenda. Na Capital Federal, vai se reunir com os parlamentares que tiveram a mesma punição para estudar os caminhos possíveis de serem tomados de forma a não perder o mandato.
Uma das rotas traçadas ele já explica: “Ver na mesa da Câmara dos Deputados com o presidente Rodrigo Maia se nós conseguimos que essa decisão não seja acatada e que nós venhamos a representar os pernambucanos, cumprindo com nossas funções legislativas”. Carreras, que falou ontem à Rádio Folha FM 96,7, tem repisado que, na ponta, o eleitor será o afetado, uma vez que ele estará impedido de seguir defendendo as causas que representa nas comissões. “Acho que é uma decisão que o partido não está olhando na ponta, principalmente para o eleitor brasileiro”, observa o parlamentar. Indagado sobre o papel de Rodrigo Maia nesse processo, ele define assim: “A gente tem tido conversas institucionais com ele, não tem nenhum tipo de questão política. Essa, por exemplo, é uma questão que nós vamos falar em bloco sobre a participação nossa nas comissões, que nós acreditamos que não há respaldo legal para esse tipo de punição”. Como a coluna cantara a pedra no último sábado, os deputados que votaram a favor da Reforma da Previdência, contrariando orientações de seus partidos, têm se reunido constantemente com Rodrigo Maia. Carreras integra esse conjunto. Esteve entre os que compareceu, na terça-feira da semana passada, a almoço promovido pelo presidente da Câmara na residência oficial. O presidente pode ajudar os dissidentes a serem acolhidos por alguns partidos.
A despeito das conversas que têm tido com Rodrigo Maia, Carreras, indagado se o Democratas seria um caminho, devolve: ” Não”. E emenda: “De pronto, já te digo: ‘Se eu tiver que sair do PSB, que é algo que estamos estudando uma série de possibilidades – essa também cabe – mas já lhe digo que, para o DEM, não vou’”.
Carreras tem enfatizado que não migrará para partido da base de Bolsonaro. Indagado se considera siglas como DEM e PSDB da base, crava: “Não”. E detalha: “O próprio Rodrigo Maia é do DEM e tem um comportamento, que dialoga com valores que a sociedade defende, nada que o presidente defende”. (Renata Bezerra/Folha de Pernambuco)