Acabamos de sair de uma eleição presidencial sem que os temas que afetam diretamente a vida do povo tenham sido discutidos com a profundidade que se esperava. Perdeu-se muito tempo com a mudança no Estatuto do Desarmamento, a redução da maioridade penal e se a democracia estaria ou não em jogo com a vitória de Jair Bolsonaro. Mas não se teve o cuidado de explicar didaticamente à população a necessidade da reforma previdenciária, da reforma tributária e de um novo acordo federativo que tire os estados e municípios da situação de penúria em que se encontram. Essa crise vai desembocar nas costas do contribuinte, que será chamado a pagar as contas do Rio Grande do Sul, do Rio Grande do Norte, do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, para citar apenas esses quatro que se encontram quebrados do ponto de vista fiscal. Ou alguém admite que a União vai ficar assistindo, passivamente, três dos quatro mais importantes estados do país ficarem sem ter condições sequer de pagar a folha dos seus servidores? Fala-se que o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, pretende reunir-se em Brasília hoje com todos os 27 governadores para discutir a dívida dos seus estados, que já foi renegociada em 2016 pelo governo Dilma Rousseff. Mas pelo menos os do Nordeste não pretendem comparecer por enxergar caráter “político” no encontro, e não “institucional-administrativo”. O fato é que vamos começar 2019 com mais da metade dos governadores extrapolando o limite de gastos com a folha de pessoal e sem saber quando e se receberão ajuda para superação desse problema. (Inaldo Sampaio)