No primeiro turno havia uma máxima de que Jair Bolsonaro seria derrotado por qualquer adversário num eventual segundo turno, todas as pesquisas apontavam a sua desvantagem em relação aos seus concorrentes e muitos apressados acreditavam que ele seria derrotado em qualquer cenário. As urnas do último domingo trouxeram uma realidade dolorosa não só para estes analistas como aos seus adversários. Ibope e Datafolha, os dois maiores institutos de pesquisa do Brasil, apontavam Jair Bolsonaro com apenas 41% e 40% dos votos válidos, respectivamente. A eleição apontou Bolsonaro com 46% dos votos válidos contra 29% de Fernando Haddad.
As urnas concederam a Bolsonaro a maior votação nominal de um candidato a presidente no primeiro turno de toda a história e fazem dele o favorito a vencer no segundo turno, pois das últimas sete eleições presidenciais, cinco foram resolvidas em dois turnos e em todas as disputas o primeiro colocado do primeiro turno sagrou-se vitorioso na segunda etapa, o que consolida o favoritismo de Jair Bolsonaro na segunda etapa.
O Datafolha divulgou ontem seu primeiro levantamento sobre o segundo turno e diferentemente de suas pesquisas sobre a segunda etapa realizadas antes da eleição, Jair Bolsonaro chegou a 58% dos votos válidos contra 42% de Fernando Haddad. Considerando os votos válidos do primeiro turno, que foram 107.050.673, Bolsonaro chegaria a 62.089.390 votos contra 44.961.282 de Haddad.
A vantagem de Bolsonaro sobre Haddad foi de quase 18 milhões de votos no primeiro turno, e ela seria repetida na segunda etapa, com a diferença de que o candidato do PSL cresceria quase 13 milhões de votos, mesma quantidade de votos obtida por Haddad em relação ao primeiro turno. Para retirar a vantagem de Bolsonaro, a partir de hoje, Haddad precisaria reverter mais de um milhão de votos ao dia, o que é uma tarefa cada vez mais difícil de ocorrer.
Estamos a 18 dias da eleição e não há na história nem na própria conjuntura da eleição, qualquer tipo de perspectiva de virada de Haddad em relação a Bolsonaro, que tem tudo para ser eleito presidente da República no próximo dia 28, quebrando uma hegemonia de quatro eleições presidenciais vencidas pelo Partido dos Trabalhadores. (Edmar Lyra)