Daniel Coelho pode ter sido rifado pelos tucanos nacionais, em acordo com PSB e Temer, na votação do impeachment…

daniel-vice-psl

Jamildo Melo

Na terça-feira passada, o deputado federal tucano Daniel Coelho, pré-candidato a prefeito no Recife, fez uma evento na capital pernambucana, logo após a votação do impeachment, para anunciar o seu candidato a vice.

Em reserva, socialistas ironizaram o evento de Daniel Coelho chamando a atenção para a quantidade de lideranças presentes ao ato. As ausências eram muitas. De fato, lá não estavam nomes como o presidente do partido no Estado, Antônio Moraes, o deputado federal Bruno Araujo, o prefeito de Jaboatão, Elias Gomes, o deputado federal Betinho Gomes e o pré-candidato dos tucanos em Jaboatão, Evandro Avelar.

Nesta sexta-feira, os rumores nos bastidores políticos locais ajudam a explicar o que pode ter acontecido, colocando Daniel Coelho como vítima involuntária de um jogo nacional.

De acordo com essas versões de bastidor, o PSB, que sempre caminhou ao lado do PT e do PC do B, até 2014, aceitou participar de um acordo com o PMDB e o PSDB, acertado às vésperas da votação do impeachment da presidente Dilma, no domingo passado.

Continua…

Antes do acordo, Paulo Câmara teria chegado a estar com o presidente Lula, em um hotel de Brasília, prometendo que não iria liberar os secretários para votar contra Dilma, no domingo. Neste encontro, Lula teria lembrado ao socialista o quanto ajudou Pernambuco e Paulo Câmara teria jurado que não iria tirar os secretários.

O acordo teria sido proposto ao PSB por Michel Temer e pela executiva nacional dos tucanos, ao perceberem que, sem os socialistas, a conta dos votos contra Dilma não passaria na Câmara dos Deputados.

Em nota pública após a derrota na votação, o PT de Pernambuco, de fato, reclamou publicamente que os socialistas deram o número de votos necessários para a aprovação do impedimento. No sábado antes da votação, mais uma vez, em outra nota, o PT local já havia cobrado uma posição publicamente ao governador Paulo Câmara.

“A história vai registrar é que a primeira etapa da farsa do impeachment foi aprovada por 367 votos na Câmara dos Deputados, quando bastavam 342. Ou seja, a violência contra a democracia e contra a soberania de 54 milhões de votos populares venceu com uma margem superior de 25 votos. Ora, a bancada do PSB possui 32 deputados federais e proferiu 29 votos aprovando o golpe, dentre estes os de todos os deputados da legenda em Pernambuco. Do Estado onde Dilma conquistou a maior vitória percentual do País no segundo turno em 2014 e, para a vergonha de milhões de pernambucanos, esses deputados deram os votos do quórum para o golpe, para afrontar e anular os votos dos eleitores pernambucanos para presidente. O PSB, então, foi o fiel da balança. Os votos de sua bancada teriam barrado o golpe na largada. Foram os votos decisivos do golpe. Isto, nem a história, nem notas agressivas poderão esconder ou escamotear. Não há como deixar de assumir a responsabilidade histórica por ter feito a diferença!”, reclamou o presidente do PT, Bruno Ribeiro.

“Eles vão caminhar com o PMDB. Vai ter ministério e tudo. Daniel se f… nesta história do impeachment”, diz uma fonte do blog, nesta sexta-feira.

“Daniel é uma das duas vítimas do impeachment em Pernambuco. A outra é Anderson Ferreira (que perdeu o controle do PR no Estado, depois de ter se recusado a votar a favor de Dilma)”.

Pelo lado dos socialistas, quem teria promovido o acordo seria o deputado federal Heráclito Fortes (PSB/PI), com o aval de lideranças como o ex-candidato a vice na chapa de Marina Silva, Beto Albuquerque, além do governador Paulo Câmara.

Paulo Câmara, nas conversas para o fechamento do acordo, teria concordado, desde que o PSDB não tivesse candidato no Recife, em uma manobra que beneficiaria o candidato oficial, Geraldo Julio, do PSB, com menos um concorrente na disputa.  Com olho no cargo de vice no Recife, o PMDB também ganharia com o mesmo acordo.

Pelo PMDB, o acordo também contou com o aval do deputado federal Jarbas Vasconcelos. Na semana que passou, antes mesmo da votação, o acordo teria sido celebrado em um jantar na casa de Heráclito Fortes.

Pelo PSDB, deram aval ao acordo nomes como José Serra e Aloísio Nunes Ferreira. Serra é cotado para o ministério de Temer.

paulo-camara-lula

O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), liberou quatro secretários, deputados federais licenciados, para voltar à Câmara e participar da votação do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff no próximo domingo (17).

O secretário das Cidades, André de Paula (PSD), de Transportes, Sebastião Oliveira (PR), de Planejamento, Danilo Cabral (PSB), e de Turismo, Felipe Carreras (PSB), eram a princiípio favoráveis ao afastamento da presidente.

Entre eles, o único que confirmou, até aquele momento, a ida ao Congresso já nesta quinta-feira (14) foi André de Paula, do PSD do ministro das Cidades, Gilberto Kassab, que comunicou a Dilma a decisão da legenda a favor do impeachment.

Com a decisão de André de Paula, o suplente Raul Jungmann foi o primeiro deputado a ser afastado, mesmo votando a favor do impeachment.

Já o secretário de Turismo, Felipe Carreras, disse, em entrevista ao Blog, que pretendia reassumir o mandato apenas se o suplente não votar a favor do impedimento. “Estou
viajando para Brasília e, na quinta-feira, tenho uma reunião às 17h com o ministro do Turismo. Vou ver como vai ficar o quadro dos suplentes. Se o meu suplente contemplar o meu voto, eu não precisarei reassumir o cargo”, declarou.

Pela lógica dos socialistas, como o primeiro dos suplentes, Augusto Coutinho (SD), votaria contra Dilma, apenas três secretários precisariam deixar seus cargos. O governador deu declarações ao JC deixando-os todos livres para escolher. Com a fala pública, pode ter encoberto as negociações de bastidor.

Caso Danilo Cabral (PSB) e Sebastião Oliveira (PR) também deixasem o secretariado para reassumir o mandato, pela ordem, depois de Augusto Coutinho, seriam obrigados a ser substituídos os suplentes Fernando Monteiro, do PP, e Cadoca. Parte do PP estava ainda com Dilma, e Fernando Monteiro conseguiu nomear o pai no Dnocs em Petrolina, vencendo uma briga com Humberto Costa (PT) e desbancando petistas locais, mas na votação acabou votando a favor do impeachment. Eduardo da Fonte, idem.