Estou no México e confesso que dá medo abrir o Ultimo Segundo da IG. Não que as más noticias não estejam na linha do pênalti, o problema é que qualquer noticia do Brasil sempre vem embrulhada no desatino. Todos sabem que a permanência de Dilma não constitui um antídoto contra a desesperança, mas um processo de impeachment patrocinado por Eduardo Cunha já desmoraliza de base a sua instalação. Há, na democracia, hora e formato para as grandes decisões políticas. Não é hora de se instalar mais nada, antes que Eduardo Cunha seja julgado e colocado no pódio da execração que ele próprio edificou.
Os fundamentos jurídicos do impeachment são muito frágeis, ainda que a incompetência política e administrativa da presidente, seja notória. Incompetência é matéria eleitoral e não jurídica. Deve ser julgada nas urnas. A justiça só deve cuidar de desvios éticos comprovados, como está fazendo o juiz Moro.
Pressionar Dilma para que ela se alinhe com toda a força residual da presidência à uma reforma política que viabilize as soluções da continuidade democrática e às urgentíssimas reformas econômicas que viabilizem a queda da inflação, o retorno do crédito moral e do desenvolvimento necessário, é mais do que legitimo, é necessário e democrático. Esse processo do impeachment, a la Eduardo Cunha, vai exacerbar a agenda das cooptações e adiar SINE DIE o encaminhamento de soluções para o problema financeiro do país. Não se brinca com a democracia. Um ato falho, uma condução desastrada, pode gerar uma erosão capaz de infectar o rio já turvo da política.