A dois dias da eleição, os quatro candidatos à presidência da Câmara dos Deputados passaram esta sexta-feira (30) em reuniões com parlamentares em busca do voto dos indecisos. O líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), e o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) disputam entre si o apoio de dois partidos da base aliada que ainda não se posicionaram oficialmente, o PR e o PP.
Rachadas, as siglas deixaram para decidir o apoio na véspera da eleição. A bancada do PP vai fazer neste sábado (31) votação secreta dentro da própria bancada para definir se apoia o petista ou o peemedebista. O PR também vai se reunir no sábado para fechar posição.
Com uma bancada de 34 deputados votando no próximo domingo, o partido ainda está dividido. Apesar de ter mantido o Ministério dos Transportes no segundo governo da presidente Dilma Rousseff, parte dos parlamentares continua insatisfeita com o Planalto, principalmente aqueles das regiões Sul e Centro-Oeste.
O deputado Luciano de Castro (PR-RR) admite o racha, mas tenta convencer os colegas a votar em Chinaglia. “Como a gente está no governo, eu defendo essa posição”, disse. O deputado Milton Monti (SP) também confirma que o partido está dividido. “A gente tem quer ver o melhor para a representatividade do partido”, afirmou.
Um dos apoiadores de Cunha na legenda, que pediu para não ser identificado, diz que maioria da bancada – ele estima ao menos 20 deputados – quer votar no peemedebista. Como a votação é secreta, os deputados podem contrariar a decisão do partido no momento da escolha.
Diante da possibilidade do racha e de “traições” no PP e PR, tanto Cunha quanto Chinaglia tentam convencer os deputados um a um. O peemedebista fez diversos telefonemas nesta sexta e teve reuniões com pequenos grupos de parlamentares pela manhã.
Às 13h30, almoçou com deputados do PP, PSC, PMDB, PTB, PSD e PR. “O voto é secreto e eu confio na minha proposta”, disse Cunha, após o encontro. Segundo o vice-líder do PMDB Lúcio Vieira Lima (BA), Cunha fez uma breve fala durante o almoço em que disse: “É hora de cada um ir atrás de mais um voto”.
No sábado, a prioridade do peemedebista será conquistar o voto dos “novatos”, deputados eleitos que não tinham mandato nesta legislatura e que tomarão posse no domingo (1º). Cunha organizou um café da manhã em um hotel de Brasília para apresentar propostas e pedir apoio.
Arlindo Chinaglia também passou a manhã desta sexta em conversas com pequenos grupos de deputados e, no início da tarde, participou de encontro na sede do PDT. O partido anunciou oficialmente apoio ao petista, apesar de haver rachas na bancada.
“Até por afinidades políticas, portanto por um rigor que o PDT naturalmente teve [na decisão], eu me sinto além de numericamente fortalecido, mas eu diria simbolicamente mais ainda, porque isso tem também um caráter indutor sobre outras bancadas”, disse Chinaglia. O petista fará um café da manhã neste sábado com lideranças do PT, PRB, PR, PP, PC do B, PROS e ministros do governo para tentar fechar um acordo para a formação de um bloco.
Júlio Delgado e Chico Alencar
O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) passou parte do dia na Câmara e também teve conversas presenciais e por telefone com parlamentares. No início da tarde, o senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, reiterou o apoio do partido a Delgado.
“O caminho natural do PSDB é fortalecer a candidatura do deputado Júlio Delgado, que é a candidatura que, ao meu ver apresenta, as melhores condições de garantir a independência fundamental que a Câmara dos Deputados não teve nos últimos anos. No Senado não é diferente, a candidatura do senador Luiz Henrique atende a essa mesma aspiração”, disse o tucano.
Ao longo da semana, Eduardo Cunha se reuniu com vários parlamentares dos três partidos que apoiam Delgado – PSDB, PV e PPS – em busca de apoio, o que provocou rumores de que as siglas desistiriam da aliança com o parlamentar do PSB. No entanto, além do PSDB, PPS e PV reiteraram entre esta quinta (29) e sexta (30) que estarão ao lado de Delgado.
Candidato “avulso”, que tem somente o apoio do PSOL, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) passou o dia no Rio de Janeiro sem compromissos de campanha. Ele critica os gastos dos adversários com publicidade na disputa pelo comando da Casa e defende que apresentar as propostas deveria ser suficiente nesse tipo de eleição. (G1)