Diário de Pernambuco
A votação do PDT na PEC dos Precatórios desencadeou uma crise no partido. Em mais um episódio da comoção, ontem, o líder pedetista na Câmara e presidente estadual da sigla, Wolney Queiroz, deixou seu cargo nas mãos da bancada do partido. Outra consequência da votação foi a suspensão da candidatura de Ciro Gomes (PDT), anunciada pelo próprio pré-candidato, no twitter.
Em um documento de 42 linhas, o deputado narrou para a bancada do PDT a negociação que justificaria o seu posicionamento e colocou o seu cargo de líder à disposição do diretório. “Política não é para fracos”, destacou um trecho da nota.“Iniciamos a votação isolados na oposição. Porém, nada mais poderia ser feito. Não temos por hábito decidir nossos votos pela orientação do PT e seus coligados. Nem tenho costume de descumprir o que foi combinado. O cumprimento dos acordos é regra de ouro do Parlamento”, destacou. “reitero que o posto de líder está à disposição dos deputados e deputadas, bem como à disposição da direção nacional do partido”, concluiu o parlamentar. De acordo com uma fonte do PDT, Wolney e o presidente nacional da sigla, Carlos Lupi, conversaram após a votação, mas não se sabe o conteúdo da conversa. Os pedetistas alegam que irão se pronunciar após uma conversa com a bancada, prevista para acontecer antes da segunda votação da PEC dos Precatórios, que ocorrerá na próxima terça-feira.
Além de deixar o cargo à mercê do diretório, o deputado também afirmou não ter tido contato com Ciro Gomes e reagiu à movimentação correligionário na mesma nota. De acordo com Wolney, o então presidenciável não conversou com ele antes da votação ou antes de anunciar a suspensão da candidatura. “A votação dessa PEC 23 (Precatórios) era assunto predominante nos noticiários em todas as TVs, portais, blogs e jornais do Brasil. A imprensa especializada já anunciava que PDT e PSB poderiam votar a favor da PEC. Apesar disso, não recebi do presidente Ciro um telefonema, um e-mail, uma mensagem, um recado. Nada. Rigorosamente nenhuma orientação”, comentou.
Apesar de não se pronunciar sobre o assunto com a imprensa, o deputado ontem fez postagens no twitter criticando a gestão do governo Bolsonaro, mesmo tendo votando junto ao governo federal e os partidos de direita na PEC dos Precatórios. Lupi também fez aparições online para criticar o governo federal e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Ao todo, 62,5% da bancada pedetista votou a favor do projeto, apoio que pesou significativamente no resultado, visto que a PEC precisava de 308 votos para passar para a segunda votação e conquistou 312, denotando a diferença que o posicionamento do deputado Wolney causou no resultado.
Ciro Gomes
O pré-candidato à presidência, Ciro, não apoiou a votação dos correligionários, alegando ser uma “surpresa fortemente negativa” a decisão do partido. “Não podemos compactuar com a farsa e os erros bolsonaristas”, comentou. “A mim só resta um caminho: deixar a minha pré-candidatura em suspenso até que a bancada do meu partido reavalie sua posição. Temos um instrumento definitivo nas mãos, que é a votação em segundo turno, para reverter a decisão e voltarmos ao rumo certo.”, publicou.