Crise e desemprego fazem Brasil ter ‘exército’ de 60 milhões de pessoas com o nome sujo…

A grave crise econômica e o avanço do desemprego no país levaram o número de pessoas com o “nome sujo” ao maior patamar em dois anos, segundo dados divulgados pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) nesta sexta-feira. Um exército de aproximadamente 60,1 milhões de brasileiros estão com restrições ao CPF, enfrentando problemas para contratar empréstimos, financiamentos ou realizar compras parceladas, o que representa quase 40% da população brasileira adulta. Só nos últimos 30 dias, houve um saldo líquido de 1,1 milhão de brasileiros que passaram a fazer parte da lista de consumidores com contas em atraso e registrados em cadastros de inadimplentes.

Na comparação mensal (em maio frente a abril, sem ajuste sazonal), o indicador do SPC teve crescimento de 1,31% no volume de consumidores inadimplentes, a maior variação positiva desde março de 2015, quando a alta fora de 2,20% no período. Se a comparação for feita com o mesmo mês do ano passado, registra-se uma leve queda de 0,50%, a terceira queda anual consecutiva na série histórica do indicador. No entanto, para o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, o recuo não pode ser interpretado como um indicativo de que os consumidores com contas em atraso estão quitando suas dívidas, mas como um reflexo do crédito mais restrito.

Continua…

Embora os juros estejam caindo e a inflação dentro da meta, o desemprego ainda é elevado e acaba reduzindo a capacidade de pagamento das famílias. Por outro lado, os bancos e os estabelecimentos comerciais seguem cautelosos na oferta de crédito diante de um cenário de incertezas na recuperação da economia, o que acaba funcionando como um limitador do crescimento da inadimplência. Como há uma escassez de crédito na economia como um todo, há menos brasileiros se tornando inadimplentes. Por isso que os dados mostram um cenário de acomodação da inadimplência — explica Pinheiro.

Segundo a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, por ora, é precipitado atribuir os sinais de estabilidade da inadimplência a uma provável melhora do quadro macroeconômico, já que a retomada do crescimento, quando vier, ainda demandará tempo para traduzir-se em aumento do emprego e da renda, que são os fatores que mais impactam nos índices de inadimplência e consumo. (GP)