A situação econômica da Venezuela vai se agravar, a crise social vai se aprofundar ainda mais e não se vislumbra uma solução política. Em síntese, esta é análise que o Itamaraty faz sobre o quadro geral da Venezuela governada por Nicolás Maduro.
Na visão da diplomacia brasileira, o presidente venezuelano adota a estratégia conhecida como “fuga para frente”: a cada dificuldade que o governo enfrenta, Maduro dobra a aposta e radicaliza politicamente o embate com a oposição.
A decisão da Venezuela de considerar “persona non grata” o embaixador brasileiro em Caracas, Ruy Pereira, segundo avaliação que se faz no Itamaraty, seria uma retaliação ao Brasil pela articulação que Pereira, junto com os embaixadores do Chile, Pedro Ramirez, e do México, Erendira Paz, fazem em favor de um “diálogo sincero e produtivo com a oposição”. Nessa tarefa, os três se reuniam com frequência com líderes da oposição.
Nesta terça, o governo brasileiro informou que também vai declarar “persona non grata” o responsável pela Embaixada da Venezuela em Brasília, Gerardo Maldonado.
Economia encolhe e a fome aumenta
Nos últimos três anos, a economia da Venezuela encolheu 25%. A recessão este ano deve ser da ordem de 8%, com uma inflação de 1.600%, com tendência de alta para 2018. Estudos realizados por três universidades do país mostram que 82% da população vive em estado de pobreza, segundo informações da diplomacia brasileira.
A dívida externa chega a US$184 bilhões, US$70 bilhões de responsabilidade da PDVSA, a estatal de petróleo do país. A Venezuela está em default (calote). No caso do Brasil, a Venezuela deixou de pagar uma parcela de US$262 milhões em outubro. Outra parcela vence em janeiro e não há expectativa de recebimento.
O governo brasileiro tem crédito a receber do país vizinho de US$1,5 bilhão, dos quais $1,2 bilhão do BNDES, dinheiro emprestado para que empresas brasileiras realizassem obras no país.
As dívidas da Venezuela com empresas privadas são estimadas em US$6 bilhões. Nos últimos dois anos, por causa de atrasos e calotes, 240 empresas brasileira deixaram de fazer negócio com a Venezuela. Quem a inda vende, exige pagamento no pre-embarque das mercadorias. (Fonte:c Magno Martins)