Crianças de 6 meses a menores de 1 ano, que moram em nove municípios pernambucanos, deverão ser vacinadas contra o sarampo. Em função dos recentes casos confirmados da doença no estado e daqueles investigados, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) emitiu comunicado reduzindo a idade mínima para imunização dos bebês residentes nas cidades de Recife, Paulista, Bezerros, Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe, Taquaritinga do Norte, Vertentes, Frei Miguelinho e Salgueiro. A nova orientação passou a valer a partir desta sexta-feira (16), com o objetivo de ampliar a proteção desse público, que deve seguir o calendário vacinal normal a partir dos 12 meses.
Até então, crianças entre seis meses e menores 1 ano só deveriam ser vacinadas caso fossem viajar para os municípios com surto da doença, como São Paulo, respeitando o limite mínimo de 15 dias antes do deslocamento. A mudança e a seleção dos nove municípios pernambucanos ocorreu por eles serem os de maior risco de circulação viral. “Com essa vacinação, queremos ampliar a proteção da população suscetível e diminuir a ocorrência de novos casos, principalmente no público infantil, que tem mais risco de agravamento e óbito”, pontua o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo.
A diminuição da idade mínima para vacinação nesses municípios, contudo, não altera o calendário habitual de vacinação. Essa é uma estratégia que já foi adotada em outros surtos, como ocorreu em 2013. “A dose é extra, pois, se a mãe for vacinada contra sarampo, ela passa os anticorpos para o filho. A medida que a criança se aproxima de um ano, a proteção vai diminuindo. Com essa possibilidade e diante dos municípios com investigação, definimos o uso da dose extra, para garantir que o vírus não chegue a essas crianças”, afirmou diretor geral de Controle de Doenças e Agravos, George Dimech.
Segundo ele, ainda que as crianças sejam vacinadas antes de completar um ano, elas deverão seguir o esquema de vacinação habitual. Isto é, tomar uma dose com 12 meses e outra aos 15 meses. “O sarampo não é uma doença leve, como se costuma pensar, em todas as faixas etárias. O fator idade é forte. Proporcionalmente, em pessoas com menos de cinco anos, acontecem mais casos graves”, disse Dimech. Em 2019, até 27 de julho, 85% das crianças com 1 ano fizeram a primeira dose da tríplice viral e 63% a segunda. A meta mínima é de 95% de cobertura, ou seja, o estado está dez pontos percentuais abaixo do ideal.
O Recife foi um dos municípios que recebeu recomendação para vacinar as crianças entre 6 meses e menores de 1 ano. “É preciso lembrar que a vacina é ofertada a pessoas de 12 meses a 29 anos, em duas doses a qualquer época da vida. E a pessoas de 30 a 49 anos em uma dose. Pessoas com mais de 50 anos não vacinamos, pois na época em que elas eram crianças o sarampo era endêmico e elas tiveram provavelmente contato com o vírus”, explicou a coordenadora do Programa de Imunização do Recife, Elizabeth Azoubel.
Na última quinta-feira (15), a Fiocruz Rio de Janeiro liberou a confirmação laboratorial de quatro casos de sarampo em Pernambuco. As ocorrências são relacionadas a três viajantes que participaram de uma excursão para Porto Seguro entre o final de junho e início de julho, além de um contato desse grupo. Das confirmações, dois são de residentes do Recife e dois de Caruaru. Outros cinco casos estão em investigação (um do Recife, um de Olinda, dois de Bezerros e um de Jaboatão dos Guararapes). Todos passam bem. Os casos estão conectados a um paciente positivo de São Paulo, monitor da viagem.
Além disso, o estado realiza uma vigilância contínua de casos suspeitos de sarampo. Neste ano, o estado recebeu 132 notificações de casos suspeitos, com 74 descartes, as quatro confirmações e 54 ainda em investigação. Do total de notificações, 69 (52%) foram realizadas nas semanas após o caso relacionado a Porto Seguro. Em 2018, das 213 notificações, 209 foram descartadas e quatro confirmadas, todas relacionadas a um paciente com histórico de viagem para Manaus, área com circulação do vírus na época. Pernambuco não registra casos autóctones (transmissão sustentada por um período acima de um ano) do sarampo desde 2000. (Diário de Pernambuco)