Pernambuco registrou, na última semana, o pior cenário do ano em aceleração de casos da Covid-19. A realidade exerceu grande pressão no sistema de saúde, interferindo diretamente no número de leitos e o registro de atendimentos em todos os municípios. A causa, segundo o secretário de Saúde, André Longo, em coletiva na tarde de ontem (4), é atribuída a recorrência dafalta de cuidados da população, que segue promovendo aglomerações e festas clandestinas, com difícil fiscalização pelo poder público. Por enquanto, não há previsão da decretação de lockdown ou mesmo da suspensão do ensino presencial. Para o gestor, no entanto, se não houver mais zelo pela vida, a perspectiva é de piora para os próximos dias.
“O fato foi muito agravado com a ocorrência de confraternizações e até mesmo viagens que muitos fizeram para destinos badalados, em estados vizinhos, se contaminando e contribuindo para esta situação”, disse Longo. Segundo ele, o período de sazonalidade dos vírus respiratórios, entre o final de fevereiro e início de março, também é preocupante. “Neste conjunto de situações, ainda temos a circulação de novas variantes do vírus em nosso território, cooperando para uma maior velocidade na transmissão”, explicou.
De acordo com governo do estado, o balanço foi de crescimento na faixa de 14% a 20% na notificação de casos graves, em relação as semanas anteriores. Pela primeira vez no ano, foi superada a marca de mil solicitações de leitos em uma única semana, chegando a 1.074 pacientes com problemas de ordem respiratória e que precisaram de internamento, dos quais 619 foram alocados em leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e 455 em leitos de enfermaria. A Secretaria Estadual de Saúde (SES) assegurou a abertura, a partir desta sexta-feira (5), de mais 20 leitos no Hospital Memorial Jaboatão, na Região Metropolitana do Recife, e de mais 20 para os próximos dias, totalizando 40.
Escolas Mesmo com o aumento dos casos do novo coronavírus, o governo do estado demonstra acreditar que o ambiente escolar é considerado seguro, sem indicativo de uma suspensão severa do ensino presencial para os próximos dias. “Temos discutido em conjunto com a secretaria de educação e a avaliação, até esse momento, é que as escolas São ambientes seguros para esses jovens muito mais do que as baladas, por exemplo, que muitos tem frequentado, além do veraneios em casas de praia e outras atividades”, afirmou André Longo.
Lockdown Apesar de reconhecer que a ocupação de leitos para casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) tem se mantido acima de 80%, o secretário de Saúde de Pernambuco não deu previsão para a decretação de maiores restrições, com o chamado lockdown e teceu críticas à falta de apoio do governo do presidente Jair Bolsonaro. “É um processo que tem sido acompanhado, diariamente, observando todos os números. Vamos reavaliar durante este fim de semana, inclusive com o comitê de enfrentamento reunido, no sábado e domingo, sob a liderança do governador Paulo Câmara. Novas medidas podem ser adotadas a qualquer momento”, disse André Longo, que continuou: “Existe uma grande complexidade na decretação de um lockdown sem apoio e sem uma coordenação nacional do governo federal. Eles se omitem deste processo e se recusam a realizar uma ampla campanha de comunicação para orientar a população sobre a importância das medidas restritivas”, apontou.