A reforma administrativa que o governador Paulo Câmara (PSB) promoverá, trazendo deputados estaduais para auxiliar seu segundo mandato – conforme informações de bastidores – está estrategicamente ligada a uma reformulação dos espaços do governo na Assembleia Legislativa (Alepe). O rearranjo, no entanto, tem como norte o fortalecimento das hostes socialistas visando à eleição de 2020, na qual o partido pretende angariar o comando de municípios estratégicos, como Petrolina e Garanhuns – hoje na mão de opositores.
O nome do deputado Lucas Ramos (PSB) surge como opção tanto para a liderança do governo, quanto para a presidência da Comissão de Finanças – cuja importância advém do seu papel na apreciação do orçamento do Estado. Ramos deverá disputar a Prefeitura de Petrolina e precisará de estrutura para confrontar a popularidade do prefeito – e opositor do Palácio – Miguel Coelho (PSB). A dança das cadeiras que deverá retirar socialistas da Alepe trará, naturalmente, o primeiro suplente Sivaldo Albino (PSB). Albino pode ser o candidato do Palácio à Prefeitura de Garanhuns, para vencer o sucessor do gestor opositor Izaías Régis (PTB).
A expectativa é que Paulo Câmara convoque, pelo menos, dois nomes para o seu secretariado da Alepe. A prioridade será a coligação formada por MDB, PSB e PSD. São cotados os nomes dos deputados estaduais Rodrigo Novaes (PSD) e Aluísio Lessa (PSB). Na cota do Solidariedade, o federal Augusto Coutinho (SD) pode ser convocado para abrir espaço para Kaio Maniçoba na suplência, mas o estadual Alberto Feitosa (SD) também poderia voltar para a Prefeitura do Recife. Outra costura cogitada é puxar o deputado Rogério Leão (PR) para o secretariado, contemplando o PR sem afastar o deputado federal Sebastião Oliveira de Brasília. O intuito é manter Oliveira próximo à cúpula do PR para evitar que a sigla vá para a oposição, com o prefeito de Jaboatão, Anderson Ferreira (PR).
Na bancada do PSB, há correntes que defendem que a legenda deve ficar com a presidência, seguindo o princípio da proporcionalidade. Esse preceito, contudo, vem sendo negociado ao longo das últimas legislaturas e a tendência é que, agora, mesmo com o PP sendo a segunda bancada, Eriberto Medeiros (PP) prevaleça no cargo. Chefiar o Poder Legislativo, nesse sentido, será um gesto significativo ao PP, que calculava ser a maior bancada na Alepe, mas teve seu desempenho abaixo do PSB. Além disso, seguindo um costume dos tempos de Eduardo Campos, o governador ainda pode justificar a perda de influência do PP na administração estadual como consequência da diminuição do partido na Esplanada dos Ministérios, no Planalto. Logo, inicialmente, o comando da Alepe estará “de bom tamanho”.
O PSB também tem disputas internas sobre a 2ª Vice-Presidência, desejada por Simone Santana e Aglailson Victor. A inclinação, todavia, está para Simone, uma vez que Victor terá o primeiro mandato. A 1ª Vice-Presidência, que deve ficar com o PSC, é requerida entre Governo e Oposição, já que Guilherme Uchôa Junior é aliado do Palácio e Manoel Ferreira é opositor. Nesse caso, a experiência de nove mandatos de Ferreira deve destacá-lo para a vaga. A 1ª Secretaria deve ser disputada pelo líder governista, Isaltino Nascimento (PSB), e por Clodoaldo Magalhães (PSB), que hoje preside a Comissão de Finanças. Caso Isaltino deixe a liderança do governo, cogita-se Waldemar Borges (PSB) – hoje presidente da Comissão de Justiça – ou Aluisio Lessa. (Folha de Pernambuco)