A democracia de alta intensidade prometida pela candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, parece já estar em curso no debate de seu programa econômico – e produzindo curtos-circuitos. Com pelo menos seis porta-vozes para a área, além dela própria e do falecido cabeça de chapa Eduardo Campos, o time se mostra desentrosado. Em entrevistas ao Estado, dois dos principais auxiliares da candidata, o coordenador de programa de governo, Bazileu Margarido, uma das pessoas de maior confiança de Marina Silva, e o conselheiro econômico Eduardo Giannetti da Fonseca entraram em choque ao falar sobre o papel da Petrobrás na exploração do pré-sal – se a empresa estatal deve continuar como operadora única dos poços.
“(O papel) será mantido”, afirmou Margarido. “A Petrobrás detém tecnologia de ponta para a exploração do pré-sal”, disse o assessor que foi escalado para pôr ordem na casa. Ele acrescentou que a estatal é “competente e competitiva” para a tarefa.
Já Giannetti se mostrou em dúvida. “O que ocorreu agora na Petrobrás, na medida em que ela foi aparelhada pelo PT para isso tudo que nós descobrimos, estarrecidos, causa muita incerteza em relação à capacidade de a Petrobrás, se não mudar de rumo, poder fazer com competência o papel estratégico que lhe cabe dentro do modelo do pré-sal”, disse o economista.
Walter Feldman sinalizou para uma possível mudança no marco regulatório do pré-sal, o que poderia significar um atraso na exploração das reservas. Se essa proposta vingar, Marina acabará dando razão aos que a acusam de tirar prioridade do pré-sal, pois o debate sobre o tema costuma ser longo e acalorado. (Agência Estado)