Nas últimas semanas a pré-candidatura de Marília Arraes ao governo de Pernambuco ganhou ares de consolidação, sobretudo após a visita de Gleisi Hoffmann ao estado, quando reuniu-se com o governador Paulo Câmara e não houve nenhum indicativo de que PT e PSB marchariam juntos no estado.
O enredo da retirada de Marília Arraes terminou por passar a imagem de que o PSB estava desesperado para tirá-la a todo custo do páreo, caso conseguisse o governador Paulo Câmara daria uma grande demonstração de força, e isso traduziria em maior confiança da classe política na sua perspectiva de vitória. Como ao que tudo indica a tentativa foi fracassada, o Palácio do Campo das Princesas caminha para sofrer um duro golpe na tentativa de manter a hegemonia do PSB no estado.
O governador Paulo Câmara ao dizer que votaria em Lula em qualquer hipótese, passou a impressão de que não tem força suficiente no PSB nacional para levar seu partido para uma aliança com o PT. Em outras palavras, ele deixou claro que não levará o partido para a aliança nacional com o PT. Se o governador de Pernambuco, que é o principal estado sob o comando do partido, não tem força para indicar uma aliança nacional, ele mostra claramente que não exerce qualquer tipo de influência no seu partido, mesmo tendo a envergadura do cargo que ocupa.
Ao supervalorizar a aliança com o PT no estado e não conseguir viabilizá-la, Paulo Câmara deu mostras de fragilidade na tentativa de reeleição. Com Marília no páreo, praticamente fica cristalizado o segundo turno, e como se sabe que na segunda etapa a base de sustentação de um governo geralmente fica mais dispersa, é pouco provável que Paulo Câmara tenha resultado diferente do obtido por Mendonça Filho em 2006, pois quem ganhou vai pra casa descansar e quem perdeu vai colocar a culpa no governador e tentar tirar o prejuízo votando na oposição.
Faltando poucos dias para a definição das convenções partidárias, Paulo Câmara corre um risco muito alto de nem ter o MDB e muito menos o PT na sua coligação, o que ampliaria suas chances de não conseguir convencer o eleitor a votar nele, e o que é pior, tem um risco de perder dois potenciais candidatos a senador na sua chapa, Jarbas Vasconcelos e Humberto Costa, na reta final das definições sem ter nomes a altura para colocar no lugar. (Por Edmar Lyra)