Apesar da recondução do deputado fluminense Leonardo Picciani à liderança do PMDB na Câmara, considerada uma vitória do governo, o Palácio do Planalto adota um tom de cautela em relação a votações na Casa. Isso porque o outro candidato, o paraibano Hugo Motta, teve 30 votos na disputa, o que representa quase metade da maior bancada da Câmara. Além disso, nos bastidores, o presidente Eduardo Cunha (RJ) prometeu “guerra” a seu desafeto Picciani, o que, consequentemente, significa guerra ao governo.
A estratégia da equipe de Dilma Rousseff é quase toda focada em Picciani. A turma espera que o hoje líder do PMDB se fortaleça e se apresente como alternativa para assumir a presidência da Câmara. Assim, ele não traria apenas peemedebistas dissidentes, mas também parlamentares de outros partidos. Essa, eu pago pra ver. A análise de boa parte da imprensa sobre o fortalecimento de Dilma com a eleição de Picciani está errada. Ela até pode representar um entrave a mais no caminho do impeachment, mas o governo também não vai conseguir mais nada no Congresso.
Pra começo de conversa, não haverá a paz mínima para se definir uma agenda de reformas. CPMF, então, esqueçam. Se nem a base se apresentará unida, por que a oposição iria aprovar projetos de iniciativa do governo. O governo conseguiu, sim, derrotar o PMDB não governista — e isso inclui Michel Temer — nesse particular. Mas não ganhou nada, a não ser mais guerra.