A memória de 2018 ainda é bem fresca no PDT. Ao assumir neutralidade na corrida presidencial, no 1º turno, em função de entendimento com o PT, o PSB acabou levando o, então, presidenciável Ciro Gomes ao isolamento. Pedetistas fazem uma leitura de que socialistas deixaram Ciro na condição de “noiva abandonada no altar” e, desde já, na legenda, a regra, para 2022, é “não ficar refém do PSB”. Com isso em mente, pedetistas atuam para ter um plano B. Não à toa o maior desafio de Ciro Gomes tem sido atrair siglas como o DEM, PV, Cidadania, PSDB, para sua órbita. Integrantes desses partidos admitem que há conversas entabuladas. Em outras palavras, a nova condição do ex-presidente Lula, após o STF anular condenações contra ele, não altera nada aos olhos do PDT. Nas hostes pedetistas, inclusive, predomina a avaliação de que o grande beneficiário do ressurgimento de Lula é o presidente Jair Bolsonaro. Pedetistas advertem que o centro termina se assustando com a ameaça de volta do PT e se aliando à direita. Por essa linha de raciocínio, Ciro seguirá buscando aliança com o centro. Em curso, há, segundo circula em conversas reservadas, uma aproximação com o DEM, encaminhada a partir de 2020 e de articulações em algumas cidades, a exemplo de Salvador (BA).
Presidente nacional do DEM, ACM Neto, ao formalizar no nome de Ana Paula Matos, do PDT, na vice do, então, prefeiturável Bruno Reis, avisou que a aliança na Capital baiana era “um recado para o Brasil”. Presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, na ocasião, chegou a dizer que o PDT também queria “namorar o DEM”. Detalhe: Pernambuco também entra no radar nessa lógica de atrair os democratas. Não se descarta a hipótese de Miguel Coelho, prefeito de Petrolina, hoje filiado ao MDB, vir a concorrer ao Palácio das Princesas pelo DEM, partido ao qual estão filiados seus dois irmãos: os deputados Fernando Filho (federal) e Antonio Coelho (estadual). Uma articulação que unisse PDT e DEM no Estado, nesse caso, é levada em consideração nas coxias. Em paralelo, há quem aposte em uma travessia da deputada federal Marília Arraes para o PDT, mas, a pessoas próximas, ela têm negado a intenção, tanto de concorrer a governadora, como de deixar o PT. Outra variável, no entanto, está em jogo: após Lula falar como candidato, já não se descarta, no campo da esquerda, uma reconstrução de pontes entre PT e PSB, partido ao qual Marília faz dura oposição e do qual já se desfiliou. E o mesmo 2018 que marcou o PDT, também marcou Marília, cuja candidatura ao Governo do Estado acabou retirada em função da construção, então vigente, entre PT e PSB.