Nos últimos dois anos, os brasileiros viram a Taxa Básica de Juros (Selic) subir de 2% para 13,75% ao ano. No período, o cenário de alta na inadimplência, endividamento e inflação, somados à elevação do juros, formaram a tempestade perfeita para que, mês a mês, os saques da poupança batessem recordes.
Nos quatro primeiros meses de 2023, as retiradas somaram R$ 66,2 bilhões, quase três vezes mais (143,2%) do que no mesmo período do ano passado, de acordo com um levantamento exclusivo do SBT News com dados do Banco Central. Os números também revelam que o juro médio cobrado nas modalidades de crédito disponíveis para pessoa física subiu de 40,7% ao ano, em março de 2021, quando a Selic começou a subir, para 58,3% em março deste ano, uma alta de 43,2%.
Entre as altas que chamam mais atenção estão a do crédito pessoal, que ficou 25% mais caro, e do rotativo do cartão de crédito, que encareceu 28,1%. No período, o saldo de operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) cresceu 30,7%, passando de R$ 4,36 trilhões para R$ 5,36 trilhões.
Apontado como um remédio necessário, porém amargo, o ciclo de altas da taxa básica de juros foi adotado como mecanismo de combate à inflação pelo Banco Central. O Governo Lula, por sua vez, tem criticado continuamente o BC, defendendo a queda da Selic.
Apesar da pressão, o Copom tem enfatizado que as incertezas sobre o Arcabouço Fiscal, em tramitação no Congresso Nacional, e a conjuntura econômica “demandam paciência”. Em sua terceira reunião de 2023, na última quarta-feira (3.maio), o Copom não descartou retomar o ciclo de ajuste, inclusive para cima, caso o processo de desinflação não ocorra como esperado.
SBT News