Otimismo é pouco para descrever o sentimento colombiano. A campanha histórica dos cafeteros, pela primeira vez nas quartas de final da Copa do Mundo, faz muita gente em Bogotá sonhar com o título inédito, ainda que o Brasil, pentacampeão, esteja no meio do caminho. A euforia acima da Linha do Equador é tanta que o presidente, Juan Manuel Santos, decretou feriado nacional hoje para que todos possam assistir ao confronto pela televisão. A expectativa é de que milhares de colombianos vejam o jogo em telões espalhados nas principais praças das grandes cidades.
Juanita Angulo Camacho, 23 anos, estudante de marketing em Bogotá e fanática por futebol, conta como a capital colombiana aguarda ansiosamente a partida contra o Brasil. “Todos estão vestidos de amarelo. Em todo lugar, se vendem bandeiras, sombreiros e buzinas. Os carros estão com bandeiras no capô e nos retrovisores. Há muita expectativa de que algo grande vai acontecer”, conta Juanita, em entrevista por e-mail. “A Colômbia vai eliminar o Brasil. Estamos jogando muito bem, somos uma equipe forte. Não se vê o Brasil em seu melhor momento. Tenho muita esperança de chegar à semifinal.”
Não se fala em outra coisa na Colômbia a não ser o duelo com o Brasil. Se antes o maior orgulho da seleção sul-americana era o empate por 1 x 1 com a Alemanha Ocidental em 1990, com gol de Rincón aos 47 minutos do segundo tempo, o disco virou. “A Colômbia está diante de uma oportunidade de fazer história. Enfrentará a ‘pior’ Seleção Brasileira dos mundiais, uma equipe cheia de dúvidas e mais nervosa do que nunca”, destaca o publicitário Alejandro García, 26 anos. “Não há nada mais perigoso que uma equipe que não tem nada a perder e toda a glória pela frente.”
Na Colômbia, já se defende até que esta é a melhor seleção da história. Aconteça o que acontecer em Fortaleza, o povo está preparado para receber de volta seus jogadores como campeões — muito diferente do clima de terra arrasada que tomará o Brasil em caso de eliminação. “Temos grandes estrelas na seleção, e elas estão jogando em equipe, o que é mais importante. Já estamos felizes com o que conseguimos e até onde chegamos”, afirma Juanita.
Confiança na Colômbia
Se no Brasil tanto torcida quanto imprensa locais veem a Seleção Brasileira com certa desconfiança, na Colômbia a fé na nos cafeteros é imensa. Na véspera do confronto pelas quartas de final, os maiores veículos de Bogotá não pouparam elogios ao time de José Pékerman e detonaram a equipe de Felipão. A pressão psicológica, o futebol limitado e a dependência de Neymar são apontados como as principais fraquezas do Brasil e pontos a serem explorados pelos colombianos.
El Tiempo
Brasil e Colômbia jogam no campo mental
“Dizem que os homens não devem chorar, mas Neymar e companhia choram quando cantam o Hino Nacional, choram quando fazem um gol, choram quando levam um gol, choram quando marcam um pênalti, choram se falham! Thiago Silva (o capitão!) não foi capaz de chutar seu pênalti, contra o Chile, por estar chorando! Ao contrário, a surpreendente e elogiada Seleção Colombiana é modelo de treinamento mental. A Colômbia já está ganhando no jogo psicológico.”
El Espectador
O Brasil é atacável
“A Seleção Colombiana demonstrou ao longo do Mundial que é uma equipe efetiva. Diante de uma defesa que cede tantos espaços, será fundamental não perder esse comportamento. A Seleção Brasileira, que segue sem convencer apesar de estar entre os oito melhores do Mundial, já demonstrou que ainda que tenha um plantel cheio de jogadores nos melhores times do mundo, dá grandes vantagens.”
El País
Seleção Colombiana enfrentará um Brasil perturbado
“O Brasil está cheio de dúvidas, acentuadas pelos problemas que teve para superar as primeiras etapas do Mundial que organiza e que está obrigado a ganhar, enquanto os colombianos são a imagem da felicidade e da despreocupação após projetar-se convincentemente em suas quatro partidas. Apesar de estar em casa, o Brasil não surge como favorito. Os brasileiros estão mostrando uma enorme dependência de Neymar.”
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