Já se sabia que o general Ernesto Geisel havia endossado a tortura e assassinatos na ditadura. Apesar de ter feito um governo que procurou conter os mais radicais, Geisel também comandava autorizações para assassinatos, de acordo com um memorando de 1974 da CIA que veio a público no Brasil hoje. Geisel continuou a deixar que a prisão, a tortura e a morte fossem usadas contra adversários do regime.
No livro “A Ditadura Derrotada”, do jornalista Elio Gaspari, há informações sobre o aval de Geisel à repressão política da ditadura militar. Esse memorando traz mais dados sobre essa política de extermínio e mostra que Geisel comandou a repressão.
O relato da CIA mostra uma discussão fria e pragmática a respeito de execuções em massa do CIE (Centro de Inteligência do Exército). Num momento em que há uma intervenção federal para lidar com a segurança pública no Rio e no qual muitos políticos e cidadãos acham que um golpe militar deveria ser aplicado no Brasil para, entre outros objetivos, acabar com a criminalidade, é importante ler esse memorando. Ele revela envolvimento direto de três presidentes militares com a repressão política (Médici, Geisel e Figueiredo). É importante para nos lembrar que Ditadura Nunca Mais.
A ditadura foi corrupta e assassina, apesar da tentativa de alguns de reescrever a História. Esse memorando é fundamental para ajudar os brasileiros a saber a verdade, a ter o direito de conhecer a própria história. É um alerta numa hora em que manifestações golpistas são feitas até por integrantes da ativa nas Forças Armadas. Aliás, os militares deveriam pedir desculpa pelo golpe que aplicaram em 1964. Esse episódio reforça essa necessidade histórica e nos ajuda a compreender melhor o que foi o golpe que instaurou uma ditadura de 21 anos no Brasil.