Até quando?

 Até quando? “Primeiro associam a palavra(sapatos) a um incômodo. Uma sola emborrachada de tecido duro. Que aperta. Mas crianças crescem e, com elas, a capacidade cognitiva se alarga. Calçar-se é, sim, vestir um incômodo, mas é também uma troca. Com sapatos vamos a festas. Com os tênis vamos à quadra. Calçar-se é sair de casa protegido das surpresas que rastejam. Vendo uma criança correr, podemos imaginar quantas certezas cabem em seu entendimento. Não devem ser muitas. Uma delas é que tênis, ou sapatos, não foram feitas para a água. Outra é que, ao fechar as portas de casa, voltaremos. Pode levar dias. Pode levar segundos. Mas voltaremos. Não sabemos o que pensou quando fechou a porta de casa pela última vez. Sabemos que pensava. Não sabemos se seus pais o agarraram chorando, como fez um outro pai, em desespero desproporcional ao seu vigor físico, ao segurar o filho e a […]

Opinião: PSDB afasta-se do impeachment ,inviabilizando-o na prática…

Pedro do Coutto Reportagem de Sílvia Amorim e Maria Lima, no Globo, e de Daniela Lima, na Folha de São Paulo, edições de quarta-feira, assumiram grande importância no atual momento político, porque, como está no título, revelaram o afastamento do PSDB do roteiro do impeachment como forma de saída para atual crise institucional brasileira. Destacaram o ponto de vista do senador Aloísio Nunes Ferreira, de São Paulo, revelado (e aceito) durante encontro que reuniu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Aécio Neves, José Serra e Geraldo Alckmin. As principais figuras do partido, portanto. Tem lógica o posicionamento, principalmente depois que o vice  Michel Temer concretizou sua saída da articulação política do governo. Fosse outra a colocação do PSDB, pareceria à opinião pública que o impedimento de Dilma Rousseff, pelo menos no estágio atual, teria como motivação colocar o mesmo Temer na chefia do Executivo, substituindo a titular. Com isso, a iniciativa […]

O povão não foi…

Carlos Chagas De que o governo Dilma é um desastre, ninguém duvida. A vida de todos ficou pior, nos últimos meses, com desemprego crescente, custo de vida em ascensão, tarifas de serviços públicos e privados mais altas, inflação, redução de direitos trabalhistas, educação e saúde públicas no fundo do poço, naufrágio da pequena e média empresas e, acima de tudo, corrupção desvairada. No entanto… No entanto, alguém viu um favelado, dos milhões espalhados pelo Rio de Janeiro, participando das manifestações de protesto contra o governo, ontem, na Avenida Atlântica? Em São Paulo, algum operário em protesto desfilou pela Avenida Paulista? Em Recife, camponeses ocuparam as margens do Capiberibe e do Beberibe? Assim no resto do país, do interior de São Paulo às cidades do Nordeste, do Amazonas às fronteiras do Sul. Quem ocupou as ruas foi a classe média. Gente bem vestida, mesmo sem paletó e gravata, como ninguém mais […]

Brasil bem longe de crise institucional…

Kennedy Alencar O Brasil está longe de viver uma crise institucional. Tem instituições suficientemente sólidas para deixar esse risco distante. Crise institucional acontece quando as instituições param de funcionar ou entram em colapso. No Poder Executivo, há um governo impopular, mas que não parou de funcionar. Nos últimos meses, o Congresso debateu a estratégia econômica do governo, votando o ajuste fiscal. Impôs derrotas, mas aprovou alguns pontos. O Congresso está trabalhando. Goste-se ou não do que tem discutido, votou um punhado de projetos. O Judiciário e o Ministério Público, com apoio da Polícia Federal e da Receita Federal, estão atuando com independência e tocando a Operação Lava Jato, atingindo figuras importantes da República. Portanto, as instituições estão cumprindo as suas funções. Temos, sim crises política e econômica. Política porque o governo está fraco, há políticos de peso na mira da Operação Lava Jato, e ocorre um forte embate entre PT […]

Luís Nassif : O fim da vergonhosa era Eduardo Cunha…

Luis Nassif O fim da saga de Eduardo Cunha coloca um ponto final em um dos mais constrangedores episódios políticos da história da República, desde a redemocratização. O vácuo político produzido pelos erros da presidente Dilma Rousseff promoveram uma abertura inédita da porteira e abriram espaço para oportunistas da pior espécie. A crise colocou Cunha no papel de touro conduzindo o estouro da boiada. E, atrás dele, a malta do congresso, o universo dos pequenos políticos sem expressão, o chamado baixo clero, cuja atuação, em outros tempos, era moderada por lideranças de maior fôlego. A cada eleição, os grandes políticos – à esquerda e à direita – foram se afastando do Congresso, permitindo que políticos de grande habilidade e nenhum escrúpulo – como Cunha – assumissem a liderança, bancados por contribuições milionárias de campanha garantidas pelo negocismo amplo que se implantou no Congresso. *** A queda de Cunha era questão […]

Crise afeta o São João…

A crise fez vários municípios do Nordeste, alguns com forte tradição, a cancelar os festejos juninos deste ano. Caruaru e Campina Grande, santuários do forró, não se renderam aos tempos bicudos, mas reduziram o tamanho do evento e priorizaram atrações regionais, para reduzir custos. O presidente da A associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), José Patriota, confirmou, ontem, que mais seis municípios decidiram cancelar os festejos juninos, também motivados pela crise. As festas de São João nas ruas foram suspensas pelas prefeituras de Lagoa Grande, Carnaíba, Betânia e São José do Egito, todas no Sertão do Estado. O prefeito de São Lourenço da Mata, Ettore Labanca (PSB), confirmou, ontem, que também resolveu não gastar nenhum tostão com o evento. Segundo ele, o município, que fica na Região Metropolitana, terá uma economia da ordem de R$ 300 mil. “Vou investir esse valor em saúde e educação”, afirmou. No Agreste não vai ter […]

Crônica: E se Jesus Cristo vivesse na era da internet?

Por Eduardo Aquino /  O Tempo Peço permissão para fazer tal analogia, guardado o respeito a um personagem sagrado e universal. Mas diante da passividade e embotamento que a civilização vai se submetendo diante do avanço tecnológico, maquinizado e escravizado por eletrônicos, me pus a pensar sobre o papel de um doutrinador e evangelizador em tempos de conectividade ilimitada. Poderia ser Buda, Maomé, Confúcio também. Usaria Jesus para propagar seus ensinamentos as redes sociais? Teria página no Facebook, Instagram? Tuitaria o dia inteiro em sábias frases de 140 caracteres? Faria uso de um canal do YouTube, em que relataria suas andanças por Canaã, sua decepção em Nazaré, ou suas palestras em Jerusalém? Teria com seus discípulos e seguidores um grupo de WhatsApp e de forma obsessiva mandaria e receberia textos cheio de abreviaturas e emojis? Mandaria e-mails reveladores correndo o risco de hackers roubarem seu conteúdo? NÃO SERIA FÁCIL Ok, […]

Anonimato na internet é combustível para a agressividade?

 Por Rogério Jordão / Yahoo A pergunta deste post me ocorre de tempos em tempos, na verdade desde quando comecei a escrever com mais intensidade para públicos digitais. Me impressiona o grau de virulência com que muitas pessoas se manifestam nas redes sociais, em geral resguardadas pelo anonimato. Agiriam assim se não estivessem protegidas pelos bytes? Os casos se repetem. Em uma mensagem falsa que se propagou na rede uma psicóloga foi “denunciada” por maltratar um gato. Em pouco tempo a página de facebook da “acusada” foi inundada por mensagens agressivas com consequências pessoais devastadoras. Nos Estados Unidos, uma adolescente se matou depois de receber mensagens destrutivas de um garoto com quem se relacionava virtualmente no Myspace. Os investigadores descobriram que o tal garoto não existia, mas era a mãe de uma ex-amiga da garota que, por inveja, buscava vingar-se dela. No Brasil, uma jornalista recebeu ameaças de morte depois de […]

Está muito difìcil a Reforma Política…

 Por Carlos Chagas Como previsto há meses, dará em nada essa nova tentativa de realização da reforma política. Tanto faz se o presidente da Câmara transferiu da Comissão Especial para o plenário a votação a respeito das propostas. Nenhuma delas de importância fundamental obterá, nesta semana, a maioria necessária para tornar-se lei. Os interesses são tão conflitantes, nas bancadas e isoladamente, que sempre se registrarão mais recusas do que aceitações. Discordâncias em número superior a consensos. O impasse demonstra a multiplicidade de opiniões e torna impossível qualquer aprimoramento institucional adotado pelos métodos ortodoxos, em condições normais de temperatura e pressão. Chegamos a uma situação oposta à que aconteceu na França antes do retorno do general De Gaulle. Como não temos nenhuma colônia do tipo da Argélia para impulsionar a roda do tempo, não há sinal de inusitados e explosões capazes de gerar drásticas soluções. CORTES NEBULOSOS Mais do que nebulosos, […]