A situação, que muito se assemelha a uma perseguição artística, contra a cirandeira, não é um caso isolado e nem um fato inédito na política. Nem mesmo envolvendo o PSB.
Mas nem todos têm esse mesmo comportamento antidemocrático.
Em 1998, o falecido e genial Dominguinhos ia sendo vítima da perseguição política, coincidentemente pelo mesmo grupo que tá no poder no Palácio das Princesas.
Era ano eleitoral, como agora, e Dominguinhos tinha sido escalado na programação do Festival de Inverno de Garanhuns, sua terra Natal, e pela primeira vez na sua carreira artística.
Véspera do evento, setores palacianos pressionaram a Fundarpe pra cancelar a atração por que Dominguinhos havia declarado apoio a Jarbas Vasconcelos, então adversário do governador Miguel Arraes, candidato à reeleição.
E em troca os mesmo setores defendiam sua substituição pela talentosa Ivete Sangalo, baiana que explodia como atração de massas na época.
O assunto chegou às mãos de Arraes para que ele decidisse politicamente.
O ex-governador deu a última ordem.
“Ele vai se apresentar e eu vou estar lá pra assistir seu show pessoalmente. Não tem sentido fazer uma pessoa livre se ajoelhar. E não se aprisiona e nem se persegue um artista do povo por questões políticas e eleitorais”.
Dominguinhos se apresentou e fez um show antológico para delírio de seus fãs e conterrâneos.
E fez mais: ao saber que Arraes estava presente no camarote oficial do Governo fez esse testemunho em público.
“Doutor Arraes. Não vou votar no senhor. Mas jamais esquecerei esse seu gesto comigo de me assegurar cantar neste festival pela primeira vez. Um sonho que eu acalentava e que a sua gestão me proporcionou realizar. Deus o abençoe”, sendo aplaudido pelo ex-governador e pelas 60 mil pessoas presentes na Praça Guadalajara.