O PSB vive um momento importante de sua história. O partido tenta estabelecer um caminho próprio e se desgarrar das fortes influências de PT e PSDB. A tentativa de independência dos socialistas é louvável. Mas é preciso reconhecer uma série de dificuldades que aparecem neste momento para a sigla.
Na investida pela Presidência da República, o PSB tem um candidato cuja imagem está muito associada ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao PT, que tem a presidente Dilma Rousseff concorrendo à reeleição. Essa ligação poderá provocar algumas consequências. O ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos poderá perder parte de seu eleitorado, especialmente aquele que optou por ele em função da proximidade com o socialista. E da mesma forma, Campos poderá ganhar outro tipo de eleitor, aquele que tem empatia com Campos e o PSB, mas não gosta de Lula e do petismo. O quanto representa cada um dessas duas alas ainda não é possível medir.
Mas dentro do PSB ainda tem a Rede da ex-senadora Marina Silva. Trata-se de um grupo muito heterogêneo, com várias correntes ideológicas e não ideológicas. Essas características dificultam muito uma previsão sobre o papel da Rede dentro do PSB. O discurso público de terceira via ou alternativa já está desgastado, e alguns sinais apontam para o pragmatismo. Boa parte dos que integram a Rede está interessada, sim, em ocupar espaços de poder. A própria Marina Silva não consegue disfarçar a sua preocupação com isso. Se assim não fosse, qual o motivo para ela integrar o PSB em vez de continuar na batalha pela criação oficial da Rede como um partido.
Pequeno em alguns Estados, o PSB tem optado por caminhos diversos de acordo com a região. Assim, tem o PSB mais ligado ao PSDB e tem o PSB mais ligado ao PT, da mesma maneira que há locais onde o partido é mais independente. Essa diversidade regional também dificulta a unidade nacional.
O quadro geral, embora confuso, não é de caos. Ao contrário, a legenda tem a chance de se sair muito bem nesta eleição. Tudo dependerá de fazer as opções corretas. Mas, se não o fizer, correrá o risco também de se apequenar e perder a força que tem hoje.
A decisão está muito nas mãos de Eduardo Campos. E é importante observar que ele tem demonstrado certa oscilação. Acende um vela para cada um dos seus lados, faz discursos marcantes, critica o PT e conversa com o PSDB, recebe Lula com carinho e coloca seus homens de confiança em contato direto com os petistas. Em outras palavras, talvez nem mesmo ele saiba para que lado deve ir.
A possibilidade de desistir da candidatura não está descartada.
Nesse caso, para onde o PSB e a Rede vão, é muito difícil prever neste momento.
Carla Kreefft – Jornal O Tempo (MG)