G1
Na última quinta-feira (5), o ministro do TSE Luis Felipe Salomão negou liminar para que Adevania Coelho de Alencar Carvalho, candidata ao cargo de vereadora em Ouricuri (PE), pudesse aparecer nas urnas com o nome “Coletiva Elas” ou “Adevania da Coletiva Elas”. Ele alegou que isso ia gerar confusão para o eleitor, já que a legislação atual prevê que a candidatura seja individual.
Esse foi um revés para o movimento das candidaturas coletivas. A matéria, no entanto, ainda não foi analisada pelo plenário do TSE, nem o caso específico nem a possibilidade de candidaturas desse tipo serem permitidas oficialmente.
Segundo especialistas, o crescimento dessas candidaturas nos últimos anos se deve à crise de representatividade da política brasileira, a uma estratégia dos partidos de ganhar mais votos e financiamento e ao sucesso recente de candidaturas coletivas e compartilhadas.
Para chegar aos números, o cientista político Guilherme Russo, autor do levantamento, buscou todos os candidatos que tinham no nome os termos “bancada”, “coletiva”, “coletivo”, “mandata” ou “mandato” na base de candidaturas do TSE.
Em 2020, o PSOL é o partido com maior número de candidaturas compartilhadas, 99 – quase metade delas em São Paulo. Em seguida está o PT, com 51 candidaturas.
Apesar de a maioria dos coletivos ser de partidos alinhados à esquerda, há também partidos de centro e de direita.
Segundo Russo, a maior prevalência na esquerda se deve às pautas mais identificadas com esse campo político, como as identitárias.
“Me parece que é uma estratégia que foi adotada majoritariamente pela esquerda, especialmente pelo PSOL de São Paulo, que vem fazendo esse movimento”, afirma. “Provavelmente porque tem uma relação com as pautas identitárias. Vemos essa busca por maior representatividade das minorias na política”, diz o cientista político.
“Tem casos em que o mais ‘branco’ é colocado à frente para tornar mais ‘palatável’ aos eleitores que têm resistência. Já em outras candidaturas vemos que é o contrário, colocando na frente mulheres negras, que são a categoria mais subrepresentada na nossa política.”
Idealismo e pragmatismo