Apesar da oposição do senador Humberto Costa, que já sinalizou ser contrário à pré-candidatura da deputada federal Marília Arraes a prefeita do Recife, o PT deverá oficializar a intenção de apresentar uma candidatura própria durante reunião que ocorrerá hoje em São Paulo com a presença do ex-presidente Lula. Diante deste cenário, recai uma dúvida sobre como se comportarão outros dois partidos importantes no campo da esquerda, que são o PDT e o PSOL.
Já faz um tempo que o deputado federal Tulio Gadêlha deu um mergulho estratégico e não vem aparecendo publicamente no sentido de se lançar na disputa pela prefeitura do Recife. Há quem afirme que isso acontece porque o presidente estadual do PDT, Wolney Queiroz, não deixa Tulio ser candidato. O PSOL, por sua vez, sinaliza para a pré-candidatura do ex-deputado federal Paulo Rubem Santiago, mas também é um projeto com pouca consistência eleitoral. Diante disso, a expectativa é que o não lançamento de Tulio e Paulo Rubem poderá desembocar numa aliança de esquerda em torno de Marília Arraes para contrapor as forças bolsonaristas na capital pernambucana.
Também há uma expectativa sobre qual estratégia Marília Arraes adotará. Se ela apresentará um projeto de extrema esquerda ou se caminhará para o centro, tentando atrair partidos que tanto podem migrar com a esquerda quanto com a direita na capital pernambucana, como o Republicanos do deputado federal Silvio Costa Filho e o Avante do suplente de senador Waldemar Oliveira.
Por ser uma candidata extremamente competitiva, a estratégia que for adotada pela deputada Marília Arraes e pelos partidos de esquerda poderá ser determinante para a consolidação de uma polarização entre PT e PSB no Recife, repetindo as eleições de 2016 quando Geraldo Julio e João Paulo foram ao segundo turno. Marília entrou no jogo e sacudiu a mesa da eleição, obrigando todos os atores repensarem suas estratégias para a disputa de outubro. (Edmar Lyra)