Existe um desejo de atores da dita oposição pela candidatura de Marília Arraes no sentido de forçar a existência de um segundo turno acreditando numa repetição de 2006 que levou Eduardo Campos ao Palácio do Campo das Princesas. Ocorre que há uma diferença elementar entre a postulação de Marília e aquele que representar a oposição em relação ao pleito que elegeu Eduardo Campos, porque não há qualquer relação política entre eles e Marília, diferentemente de 2006 quando Eduardo e Humberto estavam no mesmo campo político.
A eventual candidatura de Marília, que em pesquisas internas e externas se configura no grande fato novo da eleição, corre um risco real de polarizar com Paulo Câmara, deixando o nome oposicionista de fora da disputa de um eventual segundo turno, fragilizando um grupo que tem dois senadores, três ex-ministros e deputados federais e estaduais com algum tipo de representatividade.
Na hipótese de Marília Arraes ficar de fora do segundo turno, no calor da disputa envolvendo o PSB, o PT e o candidato do palanque de Temer, é pouco provável que o eleitor de Marília faça a escolha por um nome oposicionista. Essa conta é óbvia e imaginar que será diferente por parte da oposição é no mínimo ingenuidade.
O melhor quadro para a oposição é o de duas candidaturas do mesmo campo político ou uma disputa no mano a mano com o governador Paulo Câmara, porque quem desaprova o governador tende a marchar com um nome oposicionista. Com Marília no jogo, Paulo pode até perder pra ela, mas a oposição sairia mais desmoralizada caso ficasse de fora da segunda etapa. Portanto, a oposição torcer pela candidatura de Marília Arraes significa torcer pelo seu próprio ocaso. (Por Edmar Lyra)