Se em 2018 o PSB fez de tudo para retirar Marília Arraes da disputa pelo governo de Pernambuco, em 2020 o que se desenha é que a tática não será repetida na disputa pela prefeitura do Recife. Polarizada com o deputado federal João Campos, Marília Arraes poderá enfrentá-lo no segundo turno, neutralizando qualquer chance de a oposição chegar à segunda etapa.
Como a oposição não tem a menor condição de chegar a um entendimento, uma vez que Mendonça Filho está decidido a ser candidato a prefeito de todo jeito e Daniel Coelho quer a todo custo ser novamente candidato, o grupo oposicionista irá novamente dividido, e neste caso fortalece a polarização entre João e Marília.
Em um cenário onde parte significativa do eleitorado rejeita o PT, num segundo turno entre Marília Arraes e João Campos, é impensável que o eleitor que vota em Mendonça ou Daniel prefira votar numa candidatura do PT no segundo turno, o que tende a beneficiar João Campos. Caso a oposição chegue a um entendimento e lance uma candidatura, como Mendonça Filho que é o mais bem posicionado em pesquisas efetivamente confiáveis, também é pouco provável que o eleitor de Marília Arraes migre para Mendonça num eventual segundo turno, novamente beneficiando João Campos.
É importante salientar duas variáveis que podem apontar o caminho do favoritismo do PSB na disputa. Em 2016 a polarização entre PSB e PT aconteceu e no segundo turno parte significativa de quem votou em Daniel Coelho e Priscila Krause migrou para Geraldo Julio. A segunda variável, que não pode ser dispensada, é a boa avaliação de Geraldo Julio, que dentre os principais eleitores, como Paulo Câmara e Jair Bolsonaro, é o que tem melhor avaliação é maior potencial de transferência de votos. Portanto, a candidatura de Marília Arraes a prefeitura do Recife é o melhor caminho atualmente para o PSB pois evita desgaste maior com a classe média e pode atraí-la num eventual segundo turno. (Edmar Lyra)