Muitos homens ainda possuem o estigma de que a procura por um urologista só deve ocorrer a partir dos 40 anos de idade, visando à prevenção do câncer de próstata. No entanto, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) aponta que o câncer de testículo corresponde a 5% do total de casos de câncer em homens, sendo a incidência maior na faixa de idade de 15 a 35 anos.
Entre os motivos para o surgimento da doença, estão: o histórico familiar, lesões e traumas na bolsa escrotal e criptorquidia – quando a criança apresenta um testículo que não desceu para a bolsa testicular.
A falta de informação sobre o tema e, por muitas vezes, o preconceito em buscar orientação médica com regularidade são alguns dos fatores que levam os casos de câncer do testículo a aumentarem. Por isso, o Inca promove a campanha Abril Lilás como forma de alerta e prevenção.
“Nós temos feito dentro da Sociedade Brasileira de Urologia uma campanha para intensificar os cuidados com a saúde do homem. Culturalmente a mulher procura o ginecologista para fazer o acompanhamento anual. No caso dos homens fica muito marco a ideia de que a ida ao urologista deve ocorrer aos 40 anos para avaliar a próstata”, afirmou o médico urologista do Hospital do Câncer de Pernambuco (HCP), Luiz Henrique Araújo.
Apesar de haver tratamento e grandes chances de cura (de 80% a 90% dos casos observados), o câncer de testículo é muito agressivo e pode se espalhar para outras partes do corpo. O primeiro passo para o diagnóstico é fazer uma ultrassom da bolsa escrotal e exames de sangue. “Com essa avaliação, confirmando que se trata de nódulo testicular, é marcada uma cirurgia para retirada desse testículo, o que chamamos de orquiectomia inguinal radical”, explica o médico.
Assim como o autoexame da mama ajuda a detectar precocemente o câncer de mama, nas mulheres, o autoexame nos testículostem o mesmo objetivo. O homem deve observar a pele da bolsa testicular para saber se há alguma alteração, assim como a existência de um nódulo, região endurecida ou dolorosa, crescimento anormal do testículo ou alteração no seu formato.
O supervisor de vendas Diego de Medeiros, 32 anos, não fazia ideia de que a doença existia. Mesmo sentindo fortes dores, ele achava que se tratava de uma pancada e só veio a relacionar seus sintomas ao câncer de testículo, após sua irmã enviar uma mensagem sobre o assunto destacando a importância da prevenção. “Só procurava o médico quando sentia dores fortes que não passavam com analgésicos em casa. Marquei um urologista em abril do ano passado e já possuía um histórico na família de câncer, então fiquei desesperado”, afirmou.
Após o procedimento cirúrgico, Diego recebeu um exame constatando que também haviam oito nódulos no pulmão. Ele passou por 20 sessões de quimioterapia e terminou o tratamento em dezembro. “Infelizmente os marcadores não baixaram o suficiente, vou precisar passar por uma cirurgia robótica”, declarou.
Ele conseguiu custear a cirurgia após uma vaquinha virtual mobilizando amigos, familiares e colegas de trabalho. Agora espera o fim do processo da quimioterapia para avaliar quando poderá passar pelo procedimento cirúrgico. “Eu descobri minha doença no início e estou passando por toda essa luta, imagina as pessoas que não têm informação. Todos a minha volta perceberam a importância de se cuidar”, concluiu Diego.
O conhecimento sobre a existência do câncer de testículo só veio após o diagnóstico. Com apenas 22 anos, o estudante Hugo Henrique Serpa recebeu a notícia de que estava curado em janeiro deste ano. “Em 2017, eu sentir uma dor muito forte e notei um inchaço, mas ficava constrangido de falar sobre isso com minha noiva, ou com meus pais. Só fui procurar ajudar quando não aguentei mais a dor, e foi um choque tremendo descobrir que era câncer de testículo”, relatou.
“Pensei em desistir de tudo quando descobri que o tumor tinha entrado em metástase e surgiu atrás do rim. Fiz uma nova cirurgia e no início desse ano recebi o resultado dos exames mostrando que estava curado”, afirmou Hugo. (Folha de Pernambuco)