A campanha deste ano está sendo aproveitada por alguns políticos para sessões de autocrítica. O governador Paulo Câmara foi quem primeiro fez uso dessa prática ao confessar-se “arrependido” por ter dado apoio ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. É possível que no íntimo ele continue achando que “aquela mulher” tinha mesmo que sair por ter perdido as condições mínimas de governabilidade. Ela tinha o apoio de menos de um terço do Congresso e isso nas democracias presidencialistas geralmente culmina com o afastamento do chefe do governo. No entanto, o governador viu-se forçado a admitir seu arrependimento por questões eleitorais. O PSB se aliou novamente ao PT e o senador Humberto Costa certamente não iria gostar se ele não tivesse feito essa autocrítica, tanto que parou de chamar de “golpistas” os que votaram a favor do impeachment, entre eles todos os deputados federais do PSB pernambucano.
Agora surge um novo “arrependido”, desta vez no PSDB: o senador Tasso Jereissati, ex-governador do Ceará e ex-presidente nacional do partido. Numa entrevista dada ontem ao jornal “O Estado de São Paulo”, ele admite que o PSDB cometeu uma série de “erros memoráveis”, sendo o primeiro deles questionar judicialmente o resultado da eleição que deu a vitória a Dilma Rousseff. O segundo foi votar contra projetos que o PSDB sempre defendeu “só para ser contra o PT” e, finalmente, fazer parte do governo Temer indicando os ministros José Serra, Bruno Araújo e Antonio Imbassahy. Tudo isso, somado aos “problemas de Aécio”, levaram o PSDB ao que é hoje. (Inaldo Sampaio)