O Brasil convive há cinco dias com uma paralisação de caminhoneiros. Mas dificilmente ela irá além deste final de semana. O governo não aguenta conviver por muito tempo com esta paralisação. Por isso, ou arranja uma saída para a greve ou será derrubado não por um golpe militar como o de 64 e sim pelo povo nas ruas como ocorreu com Dilma em 2016. Os caminhoneiros não aceitam mais a política de preços da Petrobrás, que pode até ser boa para a empresa mas é péssima para eles, que ainda sofrem os efeitos da recessão.
Daí terem cruzado os braços no início desta semana para exigir do governo a retirada de tributos federais que incidem sobre o preço do diesel. Isto obrigou Temer a convencer o até então inflexível presidente da estatal, Pedro Parente, a rever a política de reajustes da empresa, ainda que momentaneamente, e o presidente do Senado, Eunício Oliveira, a realizar uma sessão extra nesta sexta-feira para aprovar matéria que lhe dará os meios para atender aos pleitos da categoria. Há de se convir que ou o presidente faria isto ou corria o risco de ser escorraçado do Palácio do Planalto.
Afinal, alguém acredita que numa democracia um governo consegue sustentar-se com aviões na pista dos aeroportos sem poder decolar por falta de combustível, postos de gasolina sem o produto para vender, rodovias federais bloqueadas, ônibus sem poder circular por falta de diesel, hospitais sem oxigênio e ameaça de desabastecimento? Greve de caminhoneiros num país em que 90% de suas cargas são transportadas por rodovias era para estar sempre nas previsões do governo federal. Mas nem disto o seu serviço de inteligência (Abin) foi capaz.