Jornal O Poder – Nem presidente da República, nem magistrados, ministros ou políticos. Nesta quarta-feira (16/8), na Capital Federal, as maiores autoridades estão sendo, literalmente, as “margaridas”, mulheres de todo o Brasil participantes da sétima edição da “Marcha das Margaridas” — que leva esse nome em homenagem à agricultora paraibana Margarida Alves, assassinada na década de 80.
PAUTA AMPLIADA
Desde o início da manhã, elas circulam em passeata pedindo por mais direitos e garantias trabalhistas e sociais. E intensificaram a programação de várias formas. Primeiro, porque em vez da média de 17 mil camponesas, vieram 100 mil mulheres. Em segundo lugar pela própria estrutura da marcha, que contou com uma programação de debates e painéis sobre os temas reivindicados.
PRESTÍGIO
Para se ter ideia, além da presença do presidente Lula e da primeira-dama Janja, de ontem até hoje 13 ministros do Executivo Federal estiveram em algum momento com as manifestantes, bem como 123 parlamentares. Uma outra novidade é que, além da pauta da Confederação Nacional da Agricultura (Contag) para as mulheres do campo, elas acrescentaram pedidos de outros movimentos — cujas representantes trouxeram com iguais chapéus de palha, margaridas no cabelo e camisetas na cor lilás.
“MAIOR DA AL”
“A marcha desse ano já está marcada como a maior ação de mulheres da América Latina. Estou aqui ao lado de mulheres do campo, das florestas e das águas de todo o Brasil para ouvir os movimentos sociais e para, juntos, reconstruirmos o país”, afirmou. Lula. No mesmo tom, a coordenadora do evento e secretária de Mulheres da Contag, Mazé Morais, disse que a edição “renderá frutos históricos e será capaz de transformar a vida de muitas mulheres”.
DIÁLOGO
“Quando as mulheres marcham, não é só por elas. É pelo Brasil, pelos filhos, pela vida, pela dignidade, cidadania e democracia”, disse também a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves. Estimulada pelo poder público, a marcha deste ano está sendo interpretada como uma retomada de movimentos sociais como um todo no país, que perderam espaço durante o governo Bolsonaro, conforme explicou Mazé. “Nossa ideia é voltar a ter o diálogo que foi interrompido com o poder”. Assim como as flores margaridas, a marcha também dura pouco. Elas têm horários de retorno para amanhã, em vários ônibus. Voltarão para suas casas e seus trabalhos. E as autoridades, voltarão a serem autoridades em Brasília.