AFP
Mulheres de todo o Brasil saíram às ruas neste sábado (29) para manifestar sua rejeição ao candidato de ultradireita Jair Bolsonaro, que voltou a gerar polêmica ao questionar sua eventual derrota nas eleições presidenciais de 7 de outubro.
Com um histórico de declarações misóginas, homofóbicas e racistas, Bolsonaro tem um índice de rejeição de 46%, em comparação com 32% de Haddad. Um dos principais focos de resistência à sua candidatura é o das mulheres, que lembram que em 2014 Bolsonaro disse à deputada Maria do Rosário (PT-RS) que ela “não merecia ser estuprada” por ser “muito ruim” e “muito feia”, e que recentemente defendeu a desigualdade salarial entre homens e mulheres.
#EleNão
Vários coletivos de eleitoras fizeram campanha nas redes sociais pela manifestação com a hashtag #EleNão. No início da tarde, milhares de mulheres se concentravam na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, e um grupo marchava pela Avenida Rio Branco para se unir a elas, indicaram jornalistas da AFP. Também houve atos de solidariedade em várias cidades europeias.
A ofensiva foi lançada pelo grupo do Facebook “Mulheres unidas contra Bolsonaro”, que convocou as mulheres, independentemente de partido político, “contra o avanço e o fortalecimento do machismo, misoginia, racismo, homofobia e outros tipos de preconceitos”.
“Ou a gente se une agora para brigar ou a gente vai se juntar para chorar”, indicou em uma mensagem Ludimilla Teixeira, uma das administradoras do grupo. “Não podemos permitir que o fascismo avance no Brasil. Essa candidatura é nefasta”, acrescentou. Na sexta-feira (28), a cantora Madonna se uniu à campanha, ao publicar no Instagram uma foto com as hashtags #EleNão e #endfascism.
O ex-capitão do Exército, de 63 anos, que em 6 de setembro foi esfaqueado em um comício, recebeu alta do hospital Albert Einstein de São Paulo e se preparava para viajar à tarde para o Rio de Janeiro, seu distrito eleitoral.
Bolsonaro, do Partido Social Liberal (PSL), lidera as pesquisas no primeiro turno, com 28% das intenções de voto, seguido por Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores (PT), com 22%, segundo a pesquisa do Datafolha publicada na sexta-feira. Mas seria derrotado por Haddad no segundo turno, em 28 de outubro, por 43% contra 37% dos votos (e 20% de nulos, brancos ou indecisos), segundo a pesquisa.
“Não aceito outro resultado”
Bolsonaro voltou a gerar polêmica na sexta-feira (28), ao pôr em dúvida qualquer resultado que não seja sua vitória eleitoral. “Eu, pelo que vejo nas ruas, não aceito um resultado das eleições diferente da minha eleição”, declarou em uma entrevista ao programa Brasil Urgente, da rede Bandeirantes.
“Um candidato que dá uma declaração como essa está dizendo claramente ao país que tentará dar um golpe a nossa democracia”, advertiu Ciro Gomes (PDT), terceiro colocado nas pesquisas (11%).
Bolsonaro “volta a mostrar que não está preparado para a democracia, quer manter o país dividido”, afirmou Geraldo Alckmin (PSDB), quarto colocado (10%).
O presidente do PSL, Gustavo Bebianno, tentou suavizar as declarações de seu candidato, recordando que seu partido já tinha manifestado receio em relação à urna eletrônica. “Obviamente [o resultado] tem que ser respeitado e se houver alguma desconfiança, serão tomadas as medidas judiciais pertinentes”, declarou.
Também por Bolsonaro
Os apoiadores do candidato responderam à ofensiva feminina convocando manifestações “pró-Bolsonaro”. Mulheres vestindo roupas verdes e amarelas com a frase “Meu partido é o Brasil” se reuniram na praia de Copacabana, no Rio de janeiro.
“Apoio o Bolsonaro porque ele é ficha limpa, por isso que estão tentando destruir a imagem dele”, disse em uma marcha em São Paulo Elizabeth Resende, candidata à deputada estadual do PSL. “Ele não é homofóbico nem machista. Eu estou com ele porque não sou feminista, sou feminina, quero respeito para meus filhos e um melhor país”, declarou.