Brasil tem 4 casos da nova gripe K após semestre atípico de H3N2; Ministério alerta que vacina evita casos graves e hospitalização

Por Redação g1 – O Brasil identificou quatro casos do subclado K da gripe Influenza A (H3N2), após um semestre considerado atípico para a circulação do vírus no país. Segundo o Ministério da Saúde, um dos casos é “importado”, no Pará, e outros três foram registrados no Mato Grosso do Sul e seguem em investigação.

O QUE É SUBCLADO? Subclado é uma subdivisão de um mesmo vírus, definida por pequenas mudanças genéticas acumuladas ao longo do tempo. Essas variações não caracterizam um vírus novo, mas podem afetar sua circulação e a resposta do organismo.

De acordo com o ministério, o caso do Pará está associado a viagem internacional e teve a amostra analisada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Já as três ocorrências no Mato Grosso do Sul tiveram amostras processadas pelo Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo.

Em ambos os estados, os Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen) identificaram o vírus e encaminharam o material para sequenciamento, conforme os protocolos de vigilância.

Quais as características da gripe K?

“Não há nenhum sintoma diferente ou característico desse subclado”, afirma o pediatra e infectologista Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações. “O quadro clínico é o de uma síndrome gripal típica.”

Diretor da mesma entidade, Juarez Cunha reforça que também não foi observada mudança na duração da doença. “Em geral, os sintomas duram de três a sete dias, como ocorre em outras gripes. Até o momento, não há indicação de que esse vírus provoque quadros mais prolongados.”

“Existem pessoas que têm quadros leves e outras que evoluem com sintomas mais importantes, independentemente do subtipo do vírus”, diz Juarez Cunha.

“Febre alta e prolongada, falta de ar, cansaço intenso, prostração ou piora clínica são sinais de alerta”, explica Kfouri. Em crianças pequenas, idosos e pessoas com comorbidades, a recomendação é buscar avaliação médica logo no início dos sintomas.

“Hoje temos testes rápidos que permitem identificar se é influenza”, diz Kfouri. “Quando o antiviral é iniciado cedo, ele diminui o risco de gravidade e de complicações, especialmente nos mais vulneráveis.”

O essencial sobre a chamada “gripe K”:

  • Não é uma nova doença, mas uma variação do vírus influenza A (H3N2).
  • Os sintomas não mudaram e são os mesmos da gripe comum.
  • Não há sinais de maior gravidade associados ao vírus até agora.
  • Austrália e Nova Zelândia não registraram aumento de mortes ligado ao subclado K.
  • A diferença observada foi a duração da temporada de gripe, que se estendeu mais que o normal.
  • Grupos de risco continuam os mesmos, como idosos, crianças e pessoas com doenças crônicas.
  • Antivirais seguem eficazes, principalmente quando usados no início dos sintomas.
  • Testes rápidos ajudam no diagnóstico precoce da influenza.
  • A vacinação continua recomendada, sobretudo para evitar casos graves.
  • Vigilância e cobertura vacinal são a principal resposta neste momento.

Vigilância intensificada

A intensificação da vigilância ocorre após alerta epidemiológico da Organização Pan-Americana da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), que aponta aumento de casos e de internações por gripe associadas ao subclado K em países do hemisfério norte. O ministério afirma, no entanto, que, até o momento, não há evidências de maior gravidade dos casos no Brasil.