O Brasil registrou, entre 2010 e 2018, um aumento de 21% no número de novos casos de Aids. É um caminho na contramão do mundo, que comemorou uma queda de 16% no período. O número de vítimas diminuiu no mundo graças a um maior número de portadores do vírus HIV com acesso a tratamento com antirretrovirais.
Segundo relatório anual da Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/aids), divulgado nesta terça-feira, 770 mil pessoas morreram de doenças relacionadas ao HIV em 2018, cerca de 30 mil a menos que em 2017.
O quadro brasileiro mostra o retrocesso na área da saúde, que ganhou esta semana mais um capítulo. O governo Bolsonaro decidiu de maneira unilateral e sem qualquer justificativa suspender os contratos com sete grandes laboratórios públicos para produção de 19 remédios de distribuição gratuita pelo SUS.
Entre os medicamentos estão a insulina e drogas para câncer e transplantados. A denúncia é do jornal O Estado de S.Paulo, que contabiliza mais de 30 milhões de pessoas que dependem desses remédios no Brasil.
Nas últimas semanas, os laboratórios receberam cartas do Ministério da Saúde comunicando a suspensão de projetos de Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDPs) – que entregam tais medicamentos ao governo a preços 30% menores do que os de mercado.
Entre os atingidos, estão laboratórios de reconhecida excelência, inclusive para os parâmetros internacionais, como Biomanguinhos, Butantã, Bahiafarma, Tecpar, Farmanguinhos e Furp. O cancelamento dos projetos geraria uma perda anual da ordem de R$ 1 bilhão.
O Ministério da Saúde explicou ao jornal paulista que o “ato de suspensão” é por um “período transitório”, enquanto ocorre “coleta de informações”. O presidente da Bahiafarma e da Associação dos Laboratórios Oficiais do Brasil (Alfob), Ronaldo Dias, afirmou que é “um verdadeiro desmonte de milhões de reais de investimentos que foram feitos pelos laboratórios ao longo dos anos”.
A saída dos laboratórios locais favorece os multinacionais, já que os preços cobrados pelos medicamentos eram cerca de 30% inferiores aos praticados pelas grandes companhias estrangeiras.