O Bradesco é o candidato mais forte à compra do HSBC Brasil, apontou relatório do Credit Suisse, divulgado a clientes nesta terça-feira. O motivo é a combinação de uma forte base de capital, menor sobreposição de negócios e uma estratégia focada em continuar crescendo no Brasil.
Outros dois grandes bancos privados do país – Itaú e Santander – também são apostas mais certeiras na corrida para a compra da instituição. Cada um deles tem algo a ganhar com o banco, seja em rentabilidade, seja em escala, seja no avanço em participação de mercado. Todos eles também terão ganhos com sinergias. Além disso, pode ser uma saída para os bancos empregarem capital e, assim, terem mais retorno, em um cenário de escassez de crédito.
Quem tem mais dinheiro para gastar na compra é o Itaú, que dispõe de algo entre 11 bilhões de reais e 17 bilhões de reais. Mas, dos três candidatos, o Itaú é considerado o azarão pelo Credit Suisse, já que a compra do HSBC vai contra sua estratégia de crescer internacionalmente e também por ser a instituição com maior sobreposição de negócios.
Quem corre na fila do meio é o Santander. O banco, que teria até 11 bilhões de reais para a operação, ganharia em rentabilidade, mas tem uma base de capital mais fraca. Se considerado o valor patrimonial do HSBC no fim de 2014, o banco valeria algo em torno de 10 bilhões de reais. “No histórico de fusões e aquisições bancárias na América Latina, normalmente se paga 1,5 ou 2 vezes esse valor patrimonial”, diz Antonio Toro, sócio da consultoria e auditoria PwC. “Mas estamos em um ponto de baixa e não se imagina que alguém vá pagar mais do que uma vez.”
A conta feita pelo Credit Suisse leva em conta as novas exigências de capital que serão feitas aos bancos em 2019, no que é chamado de Basileia III. Cada instituição precisa manter um porcentual mínimo de capital comparado com a concessão de crédito. Essa exigência garante a liquidez da instituição.
Se para os bancos essa é uma boa oportunidade, a sinergia de custos também tende a gerar demissões quando o processo for concluído e os clientes perdem uma das poucas opções que ainda têm de escolha para fugir dos “bancões”. Em alguns casos, se forem clientes do HSBC e de um dos potenciais compradores, empresas e pessoas físicas poderão até mesmo perder um dos limites de crédito.
Hoje, o HSBC possui pouco mais de 20 mil funcionários, 853 agências bancárias espalhadas pelo país e milhões de clientes. Ontem, o banco informou que não haverá demissões no Brasil por causa do processo de venda que foi anunciado pela matriz da empresa.