Diário de Pernambuco
Ao que tudo indica, Jair Bolsonaro finalmente encontrou um partido para chamar de seu. Dois anos após romper com o PSL, o presidente confirmou que o Partido Liberal (PL) deve ser sua nova casa. Em entrevista à CNN Brasil, nesta segunda-feira (8), Bolsonaro afirmou que o acordo entre ele e o partido “está 99% fechado” e que “a chance de dar errado é quase zero”. “Está tudo certo”, disse. A filiação pode ocorrer ainda esta semana.
Na última segunda (1), o presidente havia voltado a mencionar esse assunto. “Tem três partidos que me querem, fico muito feliz”, comentou em entrevista a jornalistas na Itália, onde recebeu cidadania honorária da prefeitura de Anguillara Vêneta (cidade natal dos seus bisavôs). “São três namoradas, vamos assim dizer. Duas vão ficar chateadas. O PRB [atual Republicanos], o PL e o PP, e cada dia um está na frente na bolsa de apostas”, disse.
Naquele momento, o Progressistas (PP), do ministro da Casa Civil Ciro Nogueira, contava com a preferência do presidente. O partido facilitaria as articulações do Planalto no Congresso, onde possui a presidência da Câmara dos Deputados e a quarta maior bancada da Casa. A legenda abrigou Bolsonaro durante 11 anos (2005-2016). O problema é que esse tamanho do partido também abre espaço para disputas internas que opõem, por exemplo, interesses das alas sulistas e nordestinas.
Em Pernambuco, a sigla é aliada histórica do PSB, que faz oposição ao presidente. No estado, o partido é presidido pelo deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), que demonstra interesse em continuar na Frente Popular. “A gente é um diretório eleito aqui em Pernambuco, então a gente tem autonomia para dividir isso aqui com a Executiva [nacional] do partido, então isso dá muita tranquilidade para a gente [seguir com a aliança]”, afirmou. Eduardo também planeja ser candidato ao Senado em 2022 e busca o apoio do ex-presidente Lula (PT).
Na Bahia, membros do PP também visam continuar na aliança encabeçada pelo PT, que deve ter Jaques Wagner como candidato ao governo estadual no próximo ano. O Nordeste, região com o segundo maior eleitorado do país, teve que ser colocado na balança.
Essa é tida como a principal vantagem do PL; partido comandado por Valdemar Costa Neto. O ex-deputado, condenado por envolvimento no escândalo do mensalão, se reunirá com o presidente nesta semana para encaminhar a filiação. A reaproximação de Bolsonaro com o Centrão reforça o abandono do discurso anticorrupção, mas garante a tranquilidade que a disputa interna do PP não o traria. Além disso, a legenda conta com a terceira maior bancada da Câmara e a 1º vice-presidência da Casa.
Os planos dos bolsonaristas em Pernambuco, no entanto, podem colidir com as movimentações atuais do presidente do PL no estado. O diretório pernambucano do partido é liderado pelo prefeito de Jaboatão dos Guararapes Anderson Ferreira, que se articula no movimento Levanta Pernambuco ao lado do PSDB, PSC e Cidadania. Os tucanos pretendem lançar a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, à disputa pelo governo estadual.
Também citado por Bolsonaro na Itália, o Republicanos nunca esteve efetivamente empenhado em filiar o presidente. Para a sigla, ligada à Igreja Universal, a prioridade é eleger o maior número de parlamentares. “O sentimento na executiva do partido, nacionalmente, é de não lançar candidatura a presidente, por isso que essa possibilidade de entrada de Bolsonaro no partido ela é, na minha avaliação, inexistente”, consumou o deputado federal e presidente da legenda em Pernambuco, Silvio Costa Filho.