Nunca na história republicana um presidente abriu uma frente tão beligerante ante a Rede Globo, o canal mais poderoso da mídia nacional. Contrariado com reportagem no JN, na qual um porteiro revela que o assassino da ex-vereadora Marielle Franco (PSol) contatou com o apartamento da sua família no mesmo dia em que matou a parlamentar, o presidente Bolsonaro gravou um vídeo bombardeando a Globo.
Chamou seus dirigentes de canalhas e classificou a linha editorial da emissora de “jornalismo podre”. Bolsonaro disse, ainda, que a Globo “mamava” bilhões das estatais nos governos de plantões e garantiu que, como presidente, não “tem dinheiro público para à emissora”.
Afirmou, ainda, que a Globo quer arrebentar com o País e concluiu: “Estava muito bom com o Governo do PT, porque vocês mamavam nas estatais. Acabou a teta, aguento a porrada. Eu sei o que vocês são – são canalhas”.
Reação global – O destempero verbal do presidente foi o fato mais comentado nas redes sociais de ontem. Imediatamente, a Globo se manifestou. Em nota, afirmou que não faz jornalismo com canalhice. “A Globo não fez patifaria nem canalhice. Fez, como sempre, jornalismo com seriedade e responsabilidade”, afirmou. Acrescentou que faz jornalismo com qualidade.
Defesa – Bolsonaro expôs, ainda, o governador do Rio, Wilson Witzel, acusando-o de ter vazado para a TV-Globo detalhes do processo de investigação da ex-vereadora Marielle, que corre em segredo de justiça. Witzel se sentiu injustiçado e afirmou: “Em meu governo, as instituições funcionam plenamente e temos como preceito básico o respeito às leis”.
Milícias – Já em depoimento, ontem, na CPI das Fake News da Câmara, o deputado Alexandre Frota (PSDB-RJ) reforçou a denúncia da ex-líder do Governo no Congresso, Joice Hasselamann (PSL-SP), de que assessores do presidente da República comandam milícias digitais e controlam perfis falsos em excesso. Acabou em bate-boca com Eduardo, filho de Bolsonaro. (Magno Martins)