Hong Kong se juntou nesta ontem (21) ao bloqueio de carnes do Brasil, que perdeu seu principal mercado de cortes bovinos apesar de seus esforços para conter a crise desatada por suspeitas de adulteração de alimentos de origem animal.
A decisão de Hong Kong se soma às de China, segunda cliente de carnes de boi e de frango, e Chile. As compras desses três países representaram em 2016 40% das exportações brasileiras de carne bovina.
Em carne de frango, os envios para China e Hong Kong representaram 20% do total, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). A autoridade de segurança alimentar (CFS) de Hong Hong anunciou a suspensão imediata de importações de carne bovina e de frango, “em nome da prudência”.
Nesta terça, o Japão “suspendeu até novas notificações” o trâmite das importações de frango e de outros produtos, mas limitando a medida a 21 frigoríficos investigados, informou sua embaixada em Brasília.
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A União Europeia (UE) havia anunciado na véspera uma medida similar, para o conjunto das carnes brasileiras. Já o México suspendeu a entrada de produtos com carne de frango até receber “garantias sanitárias”. A Argentina comunicou um reforço de seus controles. A Coreia do Sul suspendeu a distribuição de carne de frango importada do Brasil para verificar a qualidade da mercadoria, mas acabou anulando a medida.
A denúncia policial que revelou o suposto uso de ácidos e a adulteração de etiquetas para maquiar cortes vencidos atinge em cheio o Brasil, o maior exportador de carne bovina e de frango do mundo, e dois dos gigantes do setor, os frigoríficos JBS e BRF.
Além disso, espalha dúvidas em torno dos alimentos centrais da dieta dos brasileiros e ameaça os esforços do país para sair da recessão de mais de dois anos e se soma à crise de credibilidade provocada pela Operação Lava Jato.
O presidente Michel Temer voltou a ressaltar nesta terça-feira que este é um problema pontual, que não deve se estender a uma indústria que emprega seis milhões de pessoas e que no ano passado faturou mais de 13 bilhões de dólares.
Temer lembrou que dos mais de 4.300 frigoríficos que operam no Brasil, há somente 21 envolvidos em supostas fraudes, e que dos 860.000 lotes de carne comercializados nos últimos seis meses apenas 184 foram questionados.”Nada melhor que mencionar números para verificar a insignificância dos fatos”, resumiu durante um evento organizado pelo Council of the Americas em Brasília. (AFP)