As obras de readequação das estruturas da barragem de Jucazinho, localizada nos municípios de Surubim e Cumaru, no Agreste do Estado, serão retomadas após o Carnaval. A decisão foi acordada, ontem, em reunião com representantes do Ministério Público Federal (MPF), do Tribunal de Contas da União (TCU), da Agência Pernambucana de Águas e Climas (Apac) e do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). A previsão é que os trabalhos estejam concluídos em até oito meses.
Em outubro do ano passado, a manutenção da estrutura foi suspensa, logo após o TCU verificar irregularidades no projeto apresentado pelo Dnocs. “O TCU revogou essa cautelar porque, agora, o Dnocs apresentou uma documentação que mostra ser necessária permitir a situação [obras]. O Ministério Público realizou essa reunião para cobrar que as obras fossem retomadas e o percentual de água no observatório fosse observado”, explica o procurador da República do MPF, Luiz Antônio Amorim.
Ainda segundo ele, na ocasião foi apresentado um relatório da Apac, onde consta que em 2019 haverá chuvas mais intensas no Estado. “Os representantes da Apac informaram que este ano será mais chuvoso que os demais e que o reservatório encherá mais 50%. O Denocs informou que, devido as obras já realizadas em 2017, a barragem de Jucazinho tem segurança até seu sangramento”, completou.
Atualmente, Jucazinho apresenta apenas 3% de sua capacidade total de armazenamento. Na semana passada, em uma reunião realizada com os dirigentes do Dnocs, a secretária de Recursos Hídricos de Pernambuco, Fernandha Batista, apresentou alguns projetos do Estado que precisam de conclusão. Entre as obras que precisavam ser destravadas, estava a de Jucazinho. De acordo com Fernandha, R$ 38 milhões já estavam garantidos por parte do Governo Federal.
Risco
Após a tragédia na barragem de dejetos de minérios em Brumadinho, Minas Gerais, que até ontem tinha deixado 169 mortos e 141 desaparecidos, a Agência Nacional de Águas (ANA) divulgou um relatório com 45 represas em alto risco no Brasil, entre elas, Jucazinho.
Logo em seguida, a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) considerou que existem mais 56 barragens no Estado que apresentam ameaça de rompimento e danos associados. Ao todo, Pernambuco tem 420 barragens. A reportagem procurou o Tribunal de Contas da União, a Agência Pernambucana de Águas e Climas e o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, mas, até o fechamento desta edição, as assessorias não atenderam as ligações. (Folha de Pernambuco)