Colapso: crise, perecimento, agonia. Todos os sinônimos são totalmente aplicáveis para definir a situação da Barragem de Jucazinho, no município de Surubim, Agreste do Estado. E também dos que dependem dela. O colapso já dura nada menos que um ano e dois meses. A população se vira como pode.
Após sofrer seis anos consecutivos de seca, este é o pior cenário da barragem desde a inauguração em 2000. O ajudante de eletricista Carlos Roberto Rocha de Lima, 52 anos, viu a barragem ser construída e disse que nunca a encontrou nessa situação. “Nunca pensei que fosse ver o leito assim, nessa secura só. Dá uma tristeza muito grande. Esse reservatório salvava toda a região”, disse.
A última vez que Jucazinho sangrou foi em maio de 2011. Carlos lembra bem. Com saudade. “Foi uma festa. Tudo isso aqui estava cheio. De água e de gente. Veio um pessoal de várias cidades pra admirar a barragem sangrando. Foi lindo”, disse, com brilho nos olhos.
Mas o brilho ficou opaco, vazio como o reservatório. No espaço com capacidade para 327 milhões de metros cúbicos de água se pode caminhar tranquilamente. Onde ainda existe água ela não chega nem ao calcanhar. Impressiona ver um reservatório que poderia fornecer até 1.300 litros de água por segundo não encher uma simples cisterna.
O tom vermelho da terra reforça o aspecto de devastação, evidenciada pelos peixes mortos encontrados no leito e pela carcaça de um cavalo a um metro de uma pequena poça-d’água barrenta. Ele não resistiu a distância. Nem o rio à seca.
Quinze municípios são (ou deveriam ser) atendidos pela barragem. O número de 800 mil pessoas beneficiadas, agora prejudicadas, é gritante. Um grito de socorro que aliás vem de bem perto. A menos de 500 metros do paredão da barragem, dona Ivonete Domerina de Arruda, 54 anos, sofre para manter o abastecimento d’água na casa, em uma pequena vila.
Continua…